INTRODUÇÃO: O metilfenidato é um medicamento psicoestimulante usado no tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e da narcolepsia. No entanto, a droga também vem sendo utilizada com fins não terapêuticos, por exemplo para produzir euforia, aumentar a autoestima e obter o chamado aprimoramento neurocognitivo, diminuindo a sensação de cansaço e aumentando o foco e a atenção. OBJETIVO: Descrever, sob o ponto de vista teórico e contextual, o potencial de abuso do metilfenidato quando usado com fins não terapêuticos. MÉTODO: Foi realizada uma pesquisa nos bancos de dados PubMed, SciELO e Cochrane, utilizando os seguintes termos em português: metilfenidato, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, facilitadores dos processos cognitivos or agentes nootrópicos e abuso de substâncias; e, em inglês: methylphenidate, attention deficit disorder with hyperactivity, cognitive enhancement or nootropic agents e substance abuse. Foram selecionados estudos publicados entre 1990 e 2010. RESULTADOS: O uso não terapêutico do metilfenidato é um tema relevante e que suscita questões científicas e éticas importantes sob diversos aspectos, por exemplo características farmacológicas e neurobiológicas, evidência de uso da droga, formas não terapêuticas de uso, mecanismos de ação e aplicação terapêutica do metilfenidato. De acordo com a revisão o metilfenidato pode, em geral, influenciar o desempenho como resultado de seu efeito estimulatório. No entanto, independentemente disso, as evidências não apoiam a conclusão de que ele possa promover um melhor desempenho cognitivo. CONCLUSÃO: É importante que profissionais da saúde tenham conhecimento e informem os pacientes e suas famílias sobre o potencial de abuso do metilfenidato quando usado com fins não terapêuticos.
INTRODUCTION: Methylphenidate is a psychostimulant medication used for the treatment of attention deficit hyperactivity disorder and narcolepsy. However, it has also been used for non-medical purposes, e.g. to produce euphoria, to increase self-esteem, and to achieve the so-called neurocognitive enhancement, decreasing the feeling of tiredness and increasing focus and attention. OBJECTIVE: To describe, from theoretical and contextual points of view, the potential for abuse and non-medical use of methylphenidate. METHOD: The PubMed, SciELO and Cochrane databases were searched using the following keywords in Portuguese: metilfenidato, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, facilitadores dos processos cognitivos or agentes nootrópicos, and abuso de substâncias; and in English: methylphenidate, attention deficit disorder with hyperactivity, cognitive enhancement or nootropic agents, and substance abuse. Studies published between 1990 and 2010 were selected for review. RESULTS: Non-medical use of methylphenidate is a relevant topic that raises important ethical and scientific questions in several areas, e.g. pharmacological and neurobiological characteristics, evidence of methylphenidate use, forms of non-medical use of methylphenidate, mechanisms of action, and therapeutic application of methylphenidate. According to the review, methylphenidate can generally influence performance as a result of its stimulatory effect. Notwithstanding, evidence does not support the conclusion that it can enhance cognitive performance. CONCLUSION: Health professionals need to acquire expert knowledge and inform patients and their families on the methylphenidate potential for abuse when used with non-medical purposes.