São escassos os estudos de base populacional sobre a ocorrência de acidentes de trabalho rural. Para investigar este tema, realizou-se em Pelotas, Rio Grande do Sul, um estudo transversal com o objetivo de verificar a ocorrência e as características dos acidentes do trabalho rural. Uma amostra representativa da população foi obtida através de amostragem em estágios múltiplos, utilizando-se os setores censitários da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Em quatro meses, no ano de 1996, foram estudadas 258 famílias, e 580 trabalhadores rurais foram entrevistados, utilizando-se questionários padronizados e pré-codificados. Os acidentes de trabalho nos últimos doze meses atingiram 63 trabalhadores (11%), que referiram, pelo menos, um acidente no período. O total de acidentes ocorridos foi de 82, e foram causados, principalmente, por ferramentas manuais (29%) e por animais domésticos (27%). A principal lesão provocada foi corte (50%), seguida por contusão (13%) e queimadura (9%). As partes do corpo mais atingidas foram as mãos (34%), os pés (29%) e as pernas (18%). Em apenas 32% dos casos, o trabalhador rural acidentado procurou tratamento. Desses, 46% procuraram o posto de saúde, e 36%, o pronto-socorro municipal.
Epidemiological literature on occupational accidents among rural workers is scarce in Brazil. This population-based cross-sectional study was designed to investigate the characteristics of farming accidents occurring in the rural area of Pelotas, Southern Brazil. A multi-stage sampling scheme was used to select a representative sample of farms. From January to April 1996, a total of 258 rural families were visited, and all 580 rural workers identified in these families answered a standardized questionnaire. Sixty-three rural workers (11%) reported at least one work-related accident in the previous twelve months. There were 82 accidents during the study period, mainly related to the use of hand farm tools (29%) and handling farm animals (27%). The main types of injuries were cuts (50%), bruises (13%), and burns (9%). The body areas most frequently involved were hands (34%), feet (29%), and legs (18%). Among the injured rural workers, only 32% used health services to treat the resulting lesions (46% went to primary health care facilities and 36% to emergency services).