Resumo O objetivo do artigo é avaliar a contribuição do DOTS comunitário, do inglês “Directly Observed Treatment Short-Course”, nas ações de prevenção e controle da tuberculose na atenção primária no Brasil e na Etiópia, a partir das percepções e práticas dos agentes comunitários de saúde (ACS). Utilizou-se o referencial conceitual e metodológico dos sítios simbólicos de pertencimento, com suas três tipologias: caixas preta, conceitual e operacional. Empregou-se o estudo de dois casos contrastantes, triangulando e complementando informações advindas de entrevistas semiestruturadas com ACS e profissionais de saúde e também observação participante. Os achados destacam o sentido de comprometimento dos ACS como um valor importante nas ações desenvolvidas em ambos contextos. Os principais desafios são a insuficiência de capacitação e supervisão das ações realizadas (caixa conceitual), assim como as dificuldades de acesso (caixa de ferramentas), expressas em distâncias geográficas no caso etíope e em barreiras relacionadas à violência no território, não explicitadas, no contexto brasileiro. Isto implica em um esforço contínuo dos ACS para adaptar suas práticas, respeitando os valores culturais (caixa preta) que dão sentido e direção às suas ações na superação dos desafios.
Abstract This article aims to evaluate the contribution of Community DOTS, Directly Observed Treatment Short-Course, for the prevention and control of Tuberculosis actions in primary care in Brazil and Ethiopia, based on the perceptions and practice of the community health care workers. We employed the Symbolic Sites conceptual-methodological framework, accounting for its three types: Black box, Conceptual box, and Toolbox. The contrasting case study involved triangulating and complementing data collection and analysis from semi-structured interviews with community health workers and health professionals, site observation, and document analysis. The results highlight a sense of commitment as an essential value regarding the activities developed by community health workers in both contexts. The main challenges are the insufficient capacity building and supervision (Conceptual box), and the difficulties related to access (Toolbox), expressed in long geographic distances in the Ethiopian case and barriers related to territory violence, mostly drug trafficking, although not explicit, in the Brazilian context. This implies in a continuous effort for the community health workers to adapt their practices, respecting the cultural values (Black box), in order to direct their actions to overcome these challenges.