Resumen: Con la irrupción de la pandemia por el SARS-CoV-2 y su devastador avance se implementaron diferentes formas de confinamiento que en Latinoamérica transformaron radical y rápidamente los abordajes de salud pública. El objetivo de este trabajo consiste en delimitar preliminarmente el problema de las acusaciones y denuncias de persona a persona en contextos de proximidad bajo el régimen del confinamiento en el área metropolitana de Buenos Aires (AMBA). En este trabajo se examinan tres cuestiones: 1) las perspectivas antropológicas sobre la judicialización; 2) las amplias consecuencias y efectos paradojales que las acusaciones, denuncias y judicializaciones han demostrado tener para el bienestar, la salud y la supervivencia de las personas y conjuntos sociales afectados; y 3) las particularidades que asume el trabajo antropológico en contextos altamente normatizados, sancionados y criminalizados. Este artículo se estructura respecto del caso del AMBA, para cuyo análisis se ensamblan materiales heterogéneos: antecedentes históricos, argumentos antropológicos, resultados de investigaciones, información de medios de comunicación, normativas, etc. Específicamente, el texto focaliza en aquellas prácticas desarrolladas durante los meses del período inicial de confinamiento en el AMBA, desde el 20 de marzo hasta el 9 de noviembre 2020. El análisis expuesto en este artículo arroja luz sobre los modos en que las acusaciones y denuncias en contextos de proximidad no solo fragilizan las tramas sociales, profundizan las desigualdades y acentúan la incertidumbre sobre las respuestas sociales frente a la posible infección y muerte, sino que también comprometen y distorsionan las estrategias epidemiológicas preventivas y de cuidado. Si bien acciones legales del mismo tipo han tenido lugar para otras dolencias y epidemias, las acusaciones y denuncias en contextos de proximidad, en este caso, son entendidas como estrategias habilitadas y legitimadas que expresan y traducen a la microescala del aislamiento profundas transformaciones de los vínculos entre salud pública, legislación y fuerzas de seguridad en los regímenes del confinamiento social.
Abstract: With the outbreak and devastating spread of the SARS-CoV-2 pandemic, different forms of containment methods have been implemented across Latin America that have radically and rapidly transformed public health approaches. The purpose of this paper is to provide a preliminary delimitation of the problem of person-to-person accusations and complaints in proximity contexts under the confinement regime in the metropolitan area of Buenos Aires (AMBA). This paper examines three issues: 1) anthropological perspectives on judicialization; 2) the broad-ranging consequences and paradoxical effects that accusations, denunciations, and judicializations have been proven to cause for the well-being, health, and survival of affected individuals and social groups; and 3) the particularities that anthropological work assumes in highly normatized, sanctioned, and criminalized contexts. This article addresses heterogeneous materials: historical background, anthropological arguments, research results, media information, regulations, etc., to analyze the case of the AMBA. Specifically, the text focuses on the practices employed during the months of the initial period of confinement in AMBA, from March 20 to November 9, 2020. This analysis sheds light on the ways in which proximity accusations and allegations lead to the fragmentation of social fabrics, deepen inequalities, and accentuate uncertainty about social responses to possible infection and death. They also compromise and distort epidemiological, preventive, and care strategies. While legal actions of the same type have taken place for other ailments and epidemics, proximity accusations and allegations, in this case, are understood as enabled and legitimized strategies that express and translate deep transformations -at the micro-scale of isolation- of the links between public health, legislation and security forces in social confinement regimes.
Resumo: Com a irrupção e o devastador avanço da pandemia ocasionada pelo Sars-CoV-2, foram implementadas diferentes formas de confinamento que, na América Latina, transformaram radical e rapidamente as abordagens de saúde pública. O objetivo deste trabalho é delimitar preliminarmente o problema das acusações e das denúncias de pessoa a pessoa em contextos de aproximação sob o regime do confinamento na região metropolitana de Buenos Aires (RMBA). Neste trabalho, foram examinadas três questões: 1) as perspectivas antropológicas sobre a judicialização; 2) as amplas consequências e os efeitos paradoxos que as acusações, as denúncias e as judicializações vêm demonstrando ter para o bem-estar, a saúde e a sobrevivência das pessoas e dos conjuntos sociais afetados; 3) as particularidades que o trabalho antropológico assume em contextos altamente normatizados, sancionados e criminalizados. Este artigo trata do caso da RMBA, no qual a análise é estruturada a partir de materiais heterogêneos: antecedentes históricos, argumentos antropológicos, resultados de pesquisas, informação de meios de comunicação, leis etc. especificamente, no texto, foca-se naquelas práticas desenvolvidas durante os meses do período inicial de confinamento na RMBA, desde 20 de março até 9 de novembro de 2020. A análise exposta no artigo esclarece acerca dos modos pelos quais as acusações as denúncias em contextos de aproximação não somente fragilizam as relações sociais, aprofundam as desigualdades e acentuam as incertezas sobre as respostas sociais diante da possível infecção e morte, mas também comprometem e distorcem as estratégias epidemiológicas, preventivas e de cuidado. Embora as ações legais do mesmo tipo venham tendo lugar para outras doenças e epidemias, as acusações e as denúncias em contextos de aproximação, nesse caso, são entendidas como estratégias habilitadas e legitimadas que expressam e traduzem à microescala do isolamento profundas transformações dos vínculos entre saúde pública, legislação e forças de segurança nos regimes do confinamento social.