OBJETIVO: Analisar a associação entre a exposição à violência por parceiro íntimo (VPI) contra a mulher com desajustes comportamentais e problemas escolares entre os filhos. MÉTODOS: Inquérito populacional participante do WHO Multicountry Study on Violence Against Women, com 790 mulheres que coabitam com filhos de cinco a 12 anos, residentes no Município de São Paulo, SP, e na Zona da Mata de Pernambuco. Foram realizados três modelos múltiplos para estimar a força da associação entre variáveis explanatórias de apoio social e comunitário, eventos de vida estressantes, fatores sociodemográficos e gravidade da VPI, entre outras. Os modelos incluíram três respectivos desfechos: número de problemas de comportamento; agressividade; e interrupção abandono ou repetência escolar. RESULTADOS: A exposição à VPI física e/ou sexual grave esteve associada à ocorrência de problemas escolares, de problemas de comportamento em geral e de comportamentos agressivos na análise de regressão logística univariada. A exposição à VPI grave manteve-se associada à ocorrência de três ou mais problemas de comportamento entre seus filhos, independentemente do transtorno mental comum, da baixa escolaridade, de a mãe (avó) ter sido vítima de VPI física e do apoio social e comunitário nos modelos de regressão logística múltiplos. A VPI grave esteve associada ao comportamento agressivo e aos problemas escolares, depois do ajuste por outras variáveis sociodemográficas, entre outras. O estado de saúde mental materna constituiu-se em fator mediador da relação entre a exposição à VPI e os problemas de comportamento, sobretudo agressividade. CONCLUSÕES: A VPI grave afeta o comportamento dos filhos e deve ser incluída na assistência à saúde das crianças em idade escolar, por meio de intervenções conjuntas entre crianças e mães.
OBJECTIVE: To analyze the relationship between intimate partner violence (IPV) against women and children's dysfunctional behaviors and school problems. METHODS: Population-based study part of the WHO Multicountry Study on Domestic Violence Against Women including 790 women living with their children aged five to 12 years in two different regions of Brazil: the city of São Paulo, Southeastern Brazil, and Zona da Mata area in the state of Pernambuco, Northeastern Brazil. Three multivariate models were developed to estimate the strength of the relationship between explanatory variables such as social and community support, stressful events of life, sociodemographic factors and "IPV severity," among others, and three outcomes: number of dysfunctional behaviors; aggressive behavior; and school problems (interruption, drop out or failure). RESULTS: Exposure to severe physical and/or sexual IPV was associated to school problems, behavioral dysfunctions in general and aggressive behaviors in the univariate analysis. Exposure to severe IPV against women was associated to the occurrence of three or more dysfunctional behaviors in their children, regardless of common mental disorder, low schooling, physical IPV against maternal grandmother, social and community support in the multivariate models. Severe IPV remained associated to aggressive behavior and school problems after adjustment for other sociodemographic variables, among others. Maternal mental health status was identified as a mediating factor between IPV exposure and dysfunctional behaviors, especially aggressive behaviors. CONCLUSIONS: Severe IPV affects children's behaviors and should be addressed in health policies for school-aged children through the development of common interventions for mothers and children.
OBJETIVO: Analizar la asociación entre la exposición a la violencia por pareja íntima (VPI) contra la mujer con desajustes de comportamiento y problemas escolares entre los hijos. MÉTODOS: Pesquisa poblacional participante del WHO Multicountry Study on Violence Against Women, con 790 mujeres que cohabitan con hijos de cinco a 12 años, residentes en el Municipio de Sao Paulo, Sureste de Brasil, y en la Zona de la Mata de Pernambuco, Noreste de Brasil. Se realizaron tres modelos múltiples para estimar la fuerza de la asociación entre variables explicativas de apoyo social y comunitario, eventos de vida estresantes, factores sociodemográficos y gravedad de la VPI, entre otras. Los modelos incluyeron tres aspectos respectivos: número de problemas de comportamiento, agresividad e interrupción, abandono o repetición escolar. RESULTADOS: La exposición a la VPI física y/o sexual grave estuvo asociada a la ocurrencia de problemas escolares, de problemas de comportamiento en general, y de comportamientos agresivos en el análisis de regresión logística univariada. La exposición a la VPI grave se mantuvo asociada a la ocurrencia de tres o más problemas de comportamiento entre sus hijos, independientemente del trastorno mental común, de la baja escolaridad, de la madre (abuela) haber sido víctima de VPI física y del apoyo social y comunitario en los modelos de regresión logística múltiples. La VPI grave estuvo asociada al comportamiento agresivo y a los problemas escolares, después del ajuste por otras variables sociodemográficas, entre otras. El estado de salud mental materno constituye un factor mediador de la relación entre la exposición a la VPI y los problemas de comportamiento, sobretodo la agresividad. CONCLUSIONES: La VPI grave afecta el comportamiento de los hijos y debe ser incluida en la asistencia a la salud de los niños en edad escolar, por medio de intervenciones conjuntas entre niños y madres.