Resumo: Há uma controvérsia na literatura a respeito da associação entre níveis de ácido úrico sérico (AUS) e glicemia. Portanto, avaliamos a associação entre AUS e glicemia (glicemia em jejum alterada, intolerância glicêmica e diabetes mellitus), além da resistência insulínica, em uma amostra grande no Brasil. O estudo transversal observacional incluiu 13.207 participantes com idade entre 35 e 74 anos na linha de base (2008-2010) do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Foi realizada análise de regressão multivariada para testar a associação entre AUS e glicemia (glicemia em jejum alterada, intolerância glicêmica e diagnóstico novo de diabetes tipo 2 na linha de base da coorte) depois de ajustar para idade, sexo, cor, índice de massa corporal, atividade física, tabagismo, consumo de álcool, comorbidades e uso de medicação. O modelo de regressão logística foi usado para avaliar a associação entre AUS e resistência insulínica por HOMA-IR. Foram realizadas análises estratificadas por sexo. A média de idade (DP) foi 51,4 (8,9) anos, e 55,2% dos participantes eram mulheres. Houve 1.439 novos diagnósticos de diabetes. Depois de todos os ajustes, o AUS esteve associado à glicemia em jejum alterada, intolerância glicêmica e diabetes, com odds ratio (OR) = 1,15 (IC95%: 1,06; 1,25), 1,23 (IC95%: 1,14; 1,33) e 1,37 (IC95%: 1,24; 1,51), respectivamente. Houve uma associação entre níveis de AUS e resistência insulínica, com OR = 1,24 (IC95%: 1,13; 1,36). Na análise estratificada por sexo, persistiu a associação independente entre AUS elevado e glicemia. Os resultados sugerem que níveis elevados de AUS estão associados de maneira significativa com a glicemia em uma população latino-americana grande, sobretudo entre mulheres.
Abstract: There is a conflict in the literature regarding the association between serum uric acid (SUA) levels and glycemic status. Therefore, we evaluated the association between SUA level and glycemic status - impaired fasting glucose (IFG), impaired glucose tolerance (IGT), and diabetes mellitus - and insulin resistance, in a large Brazilian study. This is a cross-sectional, observational study with 13,207 participants aged 35-74 years, at baseline (2008-2010) of the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil). A multinomial regression analysis was performed to test the association between SUA and glycemic status (IFG, IGT, and newly diagnosed type 2 diabetes at the cohort baseline) after adjustments by age, sex, skin color, body mass index, physical activity, smoking, alcohol consumption, comorbidities, and medicines use. Logistic regression model was used to evaluate the association between SUA and insulin resistance by HOMA-IR. Stratified analyses by sex were performed. The mean age (standard deviation) was 51.4 (8.9) years, 55.2% of participants were women. There were 1,439 newly diagnosed diabetes. After all adjustments, higher SUA was associated with IFG, IGT, and diabetes, with odds ratio (OR) = 1.15 (95%CI: 1.06; 1.25), 1.23 (95%CI: 1.14; 1.33), and 1.37 (95%CI: 1.24; 1.51), respectively. There was association between SUA levels and insulin resistance with OR = 1.24 (95%CI: 1.13; 1.36). In analysis stratified by sex, higher SUA persisted independently associated with impaired glycemic status. Our results suggest that a higher SUA levels were significantly associated with glycemic status in a large Latin American population, mainly among women.
Resumen: Hay un conflicto en la literatura respecto a la asociación entre los niveles de ácido úrico sérico (AUS) y el estado glucémico. Por eso, evaluamos la asociación entre el nivel AUS y el estatus glucémico: glucosa alterada en ayunas (GAA), tolerancia a la glucosa alterada (TGA) y diabetes mellitus (diabetes), comparados con la resistencia a la insulina en un amplio estudio en Brasil. Se realizó un estudio transversal, observacional con 13.207 participantes, con edades comprendidas entre los 35-74 años, en la base de referencia del Estudio Longitudinal de Salud entre Adultos brasileños (2008-2010) (ELSA-Brasil). Se realizó un análisis de regresión multinomial para probar la asociación entre AUS y el estado glucémico (GAA, TGA y de nuevo la diabetes tipo 2, diagnosticada en la cohorte como base de referencia) tras los ajustes por edad, sexo, color de piel, índice de masa corporal, actividad física, fumar, consumo de alcohol, comorbilidades, uso de medicinas. Se usó el modelo de regresión logística para evaluar la asociación entre AUS y la resistencia a la insulina por el HOMA-IR. Se realizó también un análisis estratificado por sexo. La media de edad (desviación estándar) fue 51,4 (8,9) años, un 55,2% de los participantes eran mujeres. Hubo 1.439 nuevos casos de diabetes diagnosticados. Tras todos los ajustes, una AUS más alta estuvo asociada con GAA, TGA y diabetes, con odds ratio (OR) = 1,15 (IC95%: 1,06; 1,25), 1,23 (IC95%: 1,14; 1,33), y 1,37 (IC95%: 1,24; 1,51), respectivamente. Hubo asociación entre los niveles AUS y la resistencia a la insulina con OR = 1,24 (IC95%: 1,13; 1,36). En el análisis estratificado por sexo, una AUS más alta persistía independientemente asociada con un estado glucémico alterado. Nuestros resultados sugieren que unos niveles más altos de AUS estuvieron significativamente asociados con el estado glucémico en una amplia población latinoamericana, principalmente entre mujeres.