Resumo O presente artigo se propõe a avaliar, a partir das informações da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2019, as desigualdades de gênero e raciais no acesso e utilização dos serviços de saúde no Brasil. O objetivo principal é compreender como homens e mulheres, brancos, pretos ou pardos, buscam atendimento médico na Atenção Primária à Saúde, porta de entrada no sistema de saúde brasileiro. As análises sob uma perspectiva de gênero mostram que padrões culturais e sociais afetam ações e escolhas individuais e, em particular, o acesso e uso dos serviços de saúde. Os resultados também indicam que homens e mulheres reproduzem o comportamento de gênero esperado, social e culturalmente construído, que impacta sua autoavaliação de estado de saúde, cuidados e suas exposições ao risco de doença e morte. A análise interseccional revela que as desigualdades raciais se combinam às observadas entre homens e mulheres, exponenciando vulnerabilidades para pessoas de cor ou raça preta ou parda e refletindo as desigualdades socioeconômicas estruturantes da sociedade brasileira. Nesse contexto, a universalidade e a integralidade preconizadas no Sistema Único de Saúde contribuem enquanto política pública para a garantia de direitos, equalização de oportunidades e efetivação do acesso ao atendimento igualitário.
Abstract This paper aims to evaluate gender and racial inequalities in the access and use of health services in Brazil Based on the 2019 National Health Survey (PNS). Its main objective is to understand how white, black, or brown men and women seek medical care in Primary Health Care, the gateway to the Brazilian health system. Analyses from a gender perspective show that cultural and social patterns affect individual actions and choices and mainly access to and use of health services. The results also show that men and women reproduce the expected gender behavior, socially and culturally constructed, which impacts their self-assessment of health status, care, and their exposure to the risk of disease and death. The intersectional analysis reveals that racial inequalities are aligned with those observed between men and women, exponentiating vulnerabilities for self-identified black or brown people, reflecting the structural socioeconomic inequalities of Brazilian society. In this context, the universality and integrality recommended in the Unified Health System contribute as a public policy to the guarantee of rights, equalization of opportunities, and adequate access to equal care.