Tem sido objeto de preocupação da literatura médica e, mais recentemente, da psicológica, a alta prevalência do câncer de mama nas mulheres. O diagnóstico precoce muito favorece na redução dos índices e, entre os meios de detecção, o "auto-exame da mama" se caracteriza como uma prevenção secundária, sem custos e segura. Pesquisas demonstram, contudo, que a prática do auto-exame da mama é insatisfatória, principalmente em mulheres de escolaridade e nível sócio-econômico baixos. Segundo a Teoria da Ação Racional (TRA), a maioria dos comportamentos humanos pode ser explicada em termos de crenças comportamentais ou normativas. Nesse sentido, a presente pesquisa teve por objetivo investigar as crenças modais salientes desse estrato populacional, desprovido de informações claras e serviços de saúde efetivos, através de um levantamento em uma amostra de 40 mulheres entrevistadas em ambulatórios públicos de João Pessoa (PB). As entrevistas continham itens sobre as vantagens e desvantagens do auto-exame da mama, conhecimentos e dados sócio-demográficos. A média de idade da amostra foi de 32,5 anos (DP = 11,37). As entrevistas indicaram um total de 132 crenças comportamentais, que foram categorizadas em nove dimensões e 166 crenças normativas, categorizadas em quatro dimensões. Estes resultados demonstraram que as crenças influenciam a adesão à prática do auto-exame da mama e servirão de base para que os profissionais que lidam com campanhas públicas de prevenção voltem sua atenção para esses aspectos e abordem conteúdos que promovam não só a prática do auto-exame da mama, mas outras estratégias preventivas nesta significativa população.
It has been object of concern to the medical literature and, more recently, to psychology, the high prevalence of breast cancer in women. The early diagnosis helps to decrease the index, and among the methods for detection, the "breast self-examination" appears as a secondary prevention, secure and without costs. Researches have shown, however, that the practice of breast self-examination is not satisfactory, mainly to women of a low schooling as well as a low social-economic level. According to the Theory of Reasoned Action (TRA), most of human behavior can be explained in terms of behavioral or normative beliefs. So, the present research aims to investigate the prominent modal beliefs of low income women, who lack clear information and effective health services, by using a sample of 40 women interviewed at a public hospital in João Pessoa (PB, Northeast of Brazil). The interviews contained items about the advantages and disadvantages of the breast self-examination, knowledge and sociodemographic data. The average age of the sample was 32,5 years (DP = 11,37). Results indicate a total of 132 behavioral beliefs, which were classified into 9 dimensions and 166 normative beliefs, classified into 4 dimensions. These results demonstrate that beliefs do influence adherence to a practice of breast self-examination, and might make public prevention campaigns to turn their attention to these aspects, promoting not only the practice of breast self examination, but other preventive strategies for this significant portion of the population.