Estudou-se por meio da reação da precipitina, o conteúdo estomacal de Lutzomyia longipalpis nos ambientes intradomiciliar e peridoméstico, no Município de Raposa, Maranhão, área de transmissão de leishmaniose visceral ou "calazar". De 2.240 fêmeas capturadas, 547 (24,4%) estavam alimentadas com sangue de vertebrados nas proporções que seguem: ave (87,9%); roedor (47,2%); humano (42,4%), cão (27,6%); mucura (26,6%) e eqüino (22,5%). A investigação levada a efeito em 120 habitações confirmou a galinha como o animal doméstico mais comum no ambiente peridoméstico (28,3%), seguido pelo cão (21,7%), gato (17,5%), jumento (13,3%), pombo (7,5%), coelho (3,3%) e pato (3,3%); enquanto o cavalo, marreco e porco representaram, cada um, 1,7%. Entre os animais sinantrópicos, a mucura foi a mais citada naquele ambiente (39,3%), seguida pelo rato (37,9%), morcego (14,3%) guaxinim (3,6%), raposa (2,1%), cobra (1,4%) e sapo (1,4%). A presença no peridomicílio de animais domésticos e sinantrópicos e o encontro de flebótomos alimentados, ao mesmo tempo, com sangue humano, de mucura e de canídeos, corroboram a hipótese de que a transmissão do calazar esteja ocorrendo realmente no ambiente antrópico, no Município de Raposa.
A precipitin test was employed to study the alimentary tract content of Lutzomyia longipalpis in the intra- and peridomiciliary environments in the municipality of Raposa, Maranhão State, a transmission area for visceral leishmaniasis or kala azar. Out of 2,240 female sandflies captured, 547 (24.4%) had fed on vertebrate blood, with the following proportions: avian (87.9%); rodent (47.2%); human (42.4%); canine (27.6%); opossum (26.6%); and equine (22.5%). Based on a survey of 120 human dwellings, chickens were found to be the most common domestic animals in the peridomicile (28.3%), followed by dogs (21.7%), cats (17.5%), donkeys (13.3%), pigeons (7.5%), rabbits (3.3%), ducks (3.3%), and horses, mallards, and pigs (1.7% each). Synanthropic animals included opossums (39.3%), followed by rats (37.9%), bats (14.3%), raccoons (3.6%), foxes (2.1%), snakes (1.4%), and frogs (1.4%). The peridomiciliary presence of domestic and synanthropic animals as well as sandflies that had fed on human, opossum, and canid blood supports the hypothesis that kala azar transmission has been taking place in the anthropic environment in the municipality of Raposa.