OBJETIVO: O aumento de casos de Aids em mulheres no Estado de São Paulo desencadeou uma série de medidas para reduzir a transmissão materno-infantil do HIV. Assim, realizou-se estudo com o objetivo de avaliar falhas na implantação dessas medidas, do ponto de vista da cobertura e da qualidade do pré-natal, em serviços de referência que atendem mulheres soropositivas no Estado de São Paulo. MÉTODOS: Foram entrevistadas, por meio de questionário estruturado, todas as mulheres soropositivas de três cidades do Estado de São Paulo (São Paulo, Santos e São José do Rio Preto). Todas as mulheres possuíam no mínimo 18 anos de idade, tiveram filhos em 1998 e fizeram consulta com infectologista (ela mesma ou seu filho). As mulheres foram avaliadas quanto à realização do pré-natal e ao conhecimento da soropositividade para o HIV antes, durante ou após a gestação. RESULTADOS: Do total de 116 mulheres, 109 (94%) fizeram pré-natal, 64% procuraram os serviços durante o primeiro trimestre, e o número de consultas foi de pelo menos três em 80% dos casos. A idade média das mulheres que fizeram pré-natal foi de 29,1 anos, estatisticamente maior do que a das mulheres que não o fizeram (24,3 anos). Sabiam ser soropositivas antes de engravidar 45% das mulheres, 38% souberam durante a gravidez, e 17%, após o nascimento da criança. O teste para o HIV foi oferecido para 82% das mulheres que não conheciam seu status sorológico. Destas, apenas 56% receberam explicação sobre a importância do teste. As unidades básicas de saúde (UBS) foram os locais onde a informação menos ajudou a conhecer o risco para a criança (p=0,037) e a necessidade de tratamento (p=0,0142). CONCLUSÕES: As principais falhas identificadas foram o não-oferecimento do teste HIV durante a gestação e a inadequada qualidade da informação. O principal local de atendimento para essas pessoas são as UBS. Estas foram as que menos contribuíram para a compreensão dos riscos e da necessidade de tratamento.
OBJECTIVE: The increasing number of women with AIDS in the state of São Paulo has lead to the implementation of a series of measures to reduce mother-to-child HIV transmission. The objective of this study was to evaluate these measures' deficiencies regarding coverage and quality of prenatal care in some HIV reference services in the state of São Paulo. METHODS: All HIV-positive women, aged 18 years or more, who gave birth in 1998 were interviewed when they came for a visit with an infectologist or a pediatrician in three cities (São Paulo, Santos and São José do Rio Preto) of the state of São Paulo. A structured questionnaire was applied. Prenatal care and time of their HIV infection diagnosis (before, during or after pregnancy) were assessed. RESULTS: Of 116 women interviewed, 109/116 (94%) had attended a prenatal care service during pregnancy, 64% had their first visit in the first trimester and 80% had 3 or more visits during pregnancy. The mean age of those who attended a prenatal service was 29.1 years, higher than those who did not attend any service (24.3 years). The HIV-positive status was known by 45%, 38% and 17% of the women before pregnancy, during pregnancy and after delivery, respectively. HIV testing was offered to 82% who did not know their serologic status, and among these, only 56% were informed about the importance of getting tested. The basic health care units (UBS) were less efficient in conveying information to the mothers about their children's infection risk (p=0.037) and their treatment needs (p=0.014). CONCLUSIONS: The main deficiencies identified were lack of HIV testing during pregnancy and inadequate information. Though basic health care units are the most important source of care for this population, its contribution to the understanding of risks and treatment needs was the most unsatisfactory.