O estreptococo do grupo B (GBS) constitui a causa mais freqüente de sepse neonatal precoce. O teste de referência continua sendo o isolamento em cultura, apesar de apresentar problemas de sensibilidade. O objetivo do presente estudo foi validar uma técnica de dupla amplificação e determinar a possibilidade do uso de amostras residuais de urina colhidas por método não invasivo, não estéril, para a confirmação da sepse por GBS em recém-nascidos. As amostras foram amplificadas com primers do principal gene de superfície do GBS. A insuficiência de volume de material biológico para a realização de exames para suporte de vida, além de outros necessários à identificação do agente etiológico de infecções é muito freqüente em recém-nascidos. Mesmo assim, decidimos definir critérios bastante rigorosos para a inclusão de pacientes na casuística: os recém-nascidos deveriam apresentar sinais e sintomas compatíveis com infecção pelo GBS; deveriam ter tido ao menos uma amostra enviada para cultura, podendo ser sangue, urina ou líquor; disponibilidade de volumes residuais dessas amostras, ou de outras colhidas no dia da hospitalização, antes da introdução da antibioticoterapia, de forma a possibilitar a análise por PCR, e evolução favorável com a antibioticoterapia empírica. Em apenas um dos quatro recém-nascidos a infecção foi confirmada por cultura, enquanto nos outros três casos a infecção foi considerada presuntiva (pacientes preencheram os critérios de inclusão, mas o GBS não foi isolado). De um total de 12 amostras dos quatro pacientes (5 de sangue, 3 de líquor e 4 de urina), 8 foram testadas por cultura (2 foram positivas), 8 foram testadas por PCR (7 foram positivas), e apenas 4 pelos dois métodos simultaneamente (1 positiva por cultura e 3 por PCR). Concluímos que apesar do número restrito de pacientes e de amostras testadas, os resultados apresentados sugerem que a amplificação proposta poderia ser usada para o diagnóstico de sepse pelo GBS, uma vez que a amplificação foi possível nos três tipos de materiais biológicos testados (sangue, urina e líquor), e a PCR foi mais sensível que as culturas por ter conseguido confirmar a infecção na urina dos quatro pacientes, usando volumes residuais de amostras colhidas por método não invasivo, não estéril, o que é tecnicamente adequado uma vez que o GBS não faz parte da flora normal da urina, evitando procedimentos invasivos, tais como a punção supra-púbica da bexiga ou a cateterização transuretral. Ao mesmo tempo, o uso de urina em lugar de sangue ajuda a prevenir a espoliação sangüínea dos recém-nascidos.
Group B streptococcus (GBS) remains the most common cause of early-onset sepsis in newborns. Laboratory gold-standard, broth culture methods are highly specific, but lack sensitivity. The aim of this study was to validate a nested-PCR and to determine whether residue volumes of urine samples obtained by non invasive, non sterile methods could be used to confirm neonatal GBS sepsis. The nested-PCR was performed with primers of the major GBS surface antigen. Unavailability of biological samples to perform life supporting exams, as well as others to elucidate the etiology of infections is a frequent problem concerning newborn patients. Nevertheless, we decided to include cases according to strict criteria: newborns had to present with signs and symptoms compatible with GBS infection; at least one of the following biological samples had to be sent for culture: blood, urine, or cerebrospinal fluid; availability of residue volumes of the samples sent for cultures, or of others collected on the day of hospitalization, prior to antibiotic therapy prescription, to be analyzed by PCR; favorable outcome after GBS empiric treatment. In only one newborn GBS infection was confirmed by cultures, while infection was only presumptive in the other three patients (they fulfilled inclusion criteria but were GBS-culture negative). From a total of 12 biological samples (5 blood, 3 CSF and 4 urine specimen), eight were tested by culture methods (2/8 were positive), and 8 were tested by PCR (7/8 were positive), and only 4 samples were simultaneously tested by both methods (1 positive by culture and 3 by PCR). In conclusion, although based on a restricted number of neonates and samples, our results suggest that the proposed nested-PCR might be used to diagnose GBS sepsis as it has successfully amplified the three types of biological samples analyzed (blood, urine and cerebrospinal fluid), and was more sensitive than culture methods as PCR in urine confirmed diagnosis in all four patients. Moreover, PCR has enabled us to use residue volumes of urine samples collected by non invasive, non sterile methods, what is technically adequate as GBS is not part of the normal urine flora, thus avoiding invasive procedures such as suprapubic bladder punction or transurethral catheterization. At the same time, the use of urine instead of blood samples could help preventing newborns blood spoliation.