O objetivo dessa pesquisa era identificar as barreiras mais recorrentes no acesso a abortos em contextos medicalizados (clandestinos ou legais), desde o ponto de vista de acompanhantes, ativistas feministas que acompanham mulheres que optaram por abortos autogeridos com medicamentos. Realizamos 14 entrevistas semiestruturadas com acompanhantes em três regiões mexicanas; Baja California e Chiapas, ambas com legislações restritivas, e Cidade de México, onde o aborto voluntário é legal até 12 semanas de gestação. Identificamos quatro categorias nas quais se mesclam as vulnerabilidades sociais das mulheres que decidem abortar, a falta de informação, a persistência de estigma, e a influência do marco legal, as falhas no atendimento para o aborto, inclusive nas clínicas de interrupção legal de gravidez (na Cidade de México), e a baixa qualidade dos serviços prestados - maus tratos, objeção de consciência e denúncia contra os profissionais de saúde -, e, por último, os grupos antiaborto e suas estratégias. Nas três regiões, o acesso a abortos medicalizados continua sendo um privilégio reservado as mulheres que dispõem dos recursos económicos, logísticos e sociais imprescindíveis para realizá-lo naqueles espaços. A presença de um programa de interrupção legal de gravidez (Interrupción Legal de Embarazo) em apenas uma entidade denota a existência de uma desigualdade jurídica e sanitária. Os resultados desse estudo sobre mulheres acompanhantes de abortos trazem elementos para que o Estado mexicano melhore o acesso a abortos seguros para todas as mulheres, sobre tudo agora que a Suprema Corte de Justiça do México decretou a descriminalização e que a legalização é iminente no país como um todo.
The study aimed to identify the most frequent barriers in access to abortions in both clandestine and legal clinical contexts, from the perspective of accompanying persons, namely feminist activists who accompanied women that opted for voluntary abortions with medication. We performed 14 semi-structured interviews with accompanying persons in three regions of Mexico: Baja California and Chiapas, both of which are restrictive contexts, and Mexico City, where elective abortion is legal up to 12 weeks’ gestational age. We identified four categories in which the social vulnerabilities of women who elect to undergo abortion intersect, namely lack of information, persistence of stigma, influence of the legal framework, and flaws in abortion care, including in clinics for legal termination of pregnancy (in Mexico City), and poor quality of the services provided, with verbal abuse, conscientious objection, and healthcare provider complaints, and finally the antichoice groups and their strategies. In the three regions, access to abortion clinics is still a privilege reserved for women with the necessary economic, logistic, and socials resources for the procedure in these settings. The existence of a program for legal termination of pregnancy (Interrupción Legal de Embarazo) in only one entity reveals the existence of a legal and health inequality. The study’s findings on accompanying persons for women undergoing abortions provide backing for the Mexican government to improve access to safe abortions for all women, especially now that the country’s Supreme Court has decreed the procedure’s decriminalization and its imminent nationwide legalization.
El objetivo de esta investigación fue la identificación de las barreras más recurrentes de acceso a abortos en contextos clínicos (clandestinos o legales), desde la perspectiva de acompañantes, activistas feministas que acompañan a mujeres que optaron por abortos autogestionados con medicamentos. Realizamos 14 entrevistas semiestructuradas con acompañantes en tres regiones mexicanas: Baja California y Chiapas, ambos contextos restrictivos, y la Ciudad de México, donde el aborto por voluntad es legal hasta las 12 semanas. Identificamos cuatro categorías en las cuales se entretejen las vulnerabilidades sociales de las mujeres que deciden abortar, la falta de información, persistencia de estigma, y la influencia del marco legal, los fallos en la atención del aborto, incluso en las clínicas de interrupción legal de embarazo (en la Ciudad de México), y mala calidad de los servicios prestados -maltrato, objeción de conciencia y denuncia de los proveedores de salud-, y, por último, los grupos anti-derechos y sus estrategias. En las tres regiones, el acceso a abortos clínicos sigue siendo un privilegio reservado para las mujeres que cuentan con los recursos económicos, logísticos y sociales indispensables para realizarlo en esos espacios. La existencia de un programa Interrupción Legal de Embarazo en solamente una entidad denota la existencia de una desigualdad jurídica y sanitaria. Los hallazgos de este estudio sobre mujeres acompañantes de abortos aportan elementos para que el Estado mexicano mejore el acceso a abortos seguros para todas las mujeres, sobre todo ahora que la Suprema Corte de la Justicia de la Nación decretó la despenalización, y la legalización inminente en todo el país.