OBJETIVO: Investigar o comportamento auditivo de pacientes com insuficiência renal crônica submetidos ao transplante renal. MÉTODOS: Foram avaliados 30 pacientes, 10 do gênero feminino e 20 do gênero masculino, na faixa etária de 13 a 26 anos (média de idade 16,97 anos). Os sujeitos foram submetidos a anamnese, avaliação otorrinolaringológica, avaliação audiológica convencional e de altas frequências, medidas de imitância acústica e avaliação do processamento auditivo central. Para os resultados da audiometria de altas frequências foi utilizado um grupo controle. RESULTADOS: Os sujeitos não apresentaram queixas auditivas na anamnese. Os resultados da audiometria convencional demonstraram predomínio da normalidade; na audiometria de altas frequências, os pacientes apresentaram resultados piores do que os sujeitos do grupo controle. Na imitanciometria houve predomínio de curva tipo A bilateral. Na avaliação do processamento auditivo central, 14 sujeitos (46,67%) apresentaram resultados alterados no Staggered Spondaic Word Test (SSW). Houve diferença significativa entre a variável idade e o resultado da audiometria tonal limiar: quanto maior a idade, menor a sensibilidade auditiva nos limiares de 250 Hz a 8 kHz. Houve relação entre o tipo de doador (cadáver ou vivo) e o resultado do teste SSW: os índices de resultados alterados foram maiores quando o doador era cadáver, em comparação com casos de doador vivo. CONCLUSÃO: Houve alterações na avaliação audiológica convencional e de altas frequências e no processamento auditivo central de sujeitos com insuficiência renal crônica submetidos ao transplante renal, sugerindo a necessidade de orientação à equipe envolvida quanto aos cuidados, prevenção e identificação precoce de acometimentos audiológicos.
PURPOSE: To investigate the auditory behavior of patients with chronic renal failure (CRF) undergoing kidney transplantation. METHODS: Thirty patients were evaluated, 10 (33.33%) females and 20 (66.67%) males, aging from 13 to 26 years (average, 16.97 years; standard deviation, 3.60 years). Patients underwent the following procedures: anamnesis, otolaryngological examination, audiological evaluation (pure tone and high frequency), acoustic impedance measurements and central auditory processing evaluation. A control group was used to compare the high-frequency audiometry results. RESULTS: The following observations were made: absence of auditory complaints at the time of anamnesis; pure-tone audiometry was predominantly normal; patients presented lower hearing levels at the high-frequency audiometry, when compared to the control group, and as for the acoustic impedance measurements, curves of the type A were predominant; there was a change of the central auditory processing for 14 patients (46.67%) in the Staggered Spondaic Word Test (SSW); there was a significant difference between the age variable and the result of the pure-tone audiometry, that is, hearing sensitivity in thresholds from 250Hz to 8,000Hz decreased with advancing age; and the relation between the type of donor and the SSW test result was significant. Rates were higher when the patients had been transplanted from deceased donors compared to living donors. CONCLUSION: There were no changes in conventional audiological and high-frequency evaluation, or in the central auditory processing. Professionals involved in the care of kidney transplantation recipients must be better informed about the care, prevention, and early identification of auditory disorders.