OBJETIVO: Revisar sistematicamente as evidências que sustentam o uso de antipsicóticos no tratamento dos sintomas comportamentais e psicológicos em pacientes com demência, assim como rever as controvérsias e desvantagens dessa prescrição, tendo em vista, por um lado, a elevada prevalência destas manifestações no curso clínico das demências e, por outro, a maior susceptibilidade do idoso aos eventos adversos desses medicamentos. MÉTODO: Revisão sistemática da literatura sobre o uso de antipsicóticos típicos e atípicos em pacientes portadores de síndromes demenciais. As bases de dados usadas para este fim foram o PubMed/Medline, Embase e SciELO. A busca por trabalhos se limitou aos anos de 1986 a 2007, selecionando-se ensaios clínicos randomizados e metanálises da literatura. RESULTADOS: Há evidências a partir de ensaios randomizados, duplamente encobertos, controlados por placebo, de que os antipsicóticos típicos e atípicos são eficazes no tratamento dos sintomas comportamentais que ocorrem nas síndromes demenciais, especialmente os quadros psicóticos e alterações do comportamento motor. Entretanto, o uso destas medicações está associado a eventos adversos importantes. Embora os antipsicóticos atípicos estejam menos associados aos efeitos colaterais extrapiramidais, comuns entre os neurolépticos de primeira geração, podem aumentar a incidência de eventos cerebrovasculares e do risco de morte, sobretudo em pacientes vulneráveis. CONCLUSÃO: Os antipsicóticos devem ser usados com cautela nos pacientes com demência, buscando otimizar o regime de dosagem e duração do tratamento, e avaliando-se individualmente a relação risco-benefício.
OBJECTIVE: The objective of the present study is to systematically review the supporting evidence for the use of antipsychotics in the treatment of behavioral and psychological symptoms in patients with dementia, as well as the controversies and limitations of this prescription. We discuss the available evidence in the light of the high prevalence of behavioral and psychological symptoms of dementia in this population, along with the greater susceptibility of elderly patients to adverse events. METHOD: Systematic literature review of the use of typical and atypical antipsychotics in patients with dementia was carried out in the databases PubMed/Medline, Embase and SciELO. The search was limited to clinical trials and meta-analysis of the literature published from 1986 to 2007. RESULTS: Evidence drawn from randomized, double-blind, placebo controlled trials support the use of both typical and atypical antipsychotics in the treatment of behavioral symptoms of dementia, especially psychotic symptoms and abnormal psychomotor activity. Nevertheless, the use of these drugs in demented patients is not devoid of important adverse events. Although the induction of extrapiramidal symptoms is not as frequent or severe with atypical antipsychotics as it is with first-generation neuroleptics, the former drugs may particularly increase the risk of cerebrovascular events and death. CONCLUSION: Although effective, antipsychotic drugs must be prescribed cautiously in patients with dementia. Dose regimens, duration of treatment and a cautious assessment of risk-benefit must be established for each patient.