INTRODUÇÃO: A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) é um dos mais sérios problemas de saúde pública do mundo. No Brasil, a endemicidade do VHB é heterogênea, sendo a doença mais prevalente na região norte do país. MÉTODOS: Neste estudo, foram investigadas 180 amostras de sangue por meio da técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) e PCR semi-nested para o vírus da hepatite B, gene S, com o intuito de determinar a prevalência do DNA (ácido desoxirribonucléico) do vírus da hepatite B em povos de etnias indígenas habitantes dos Rios Curuçá e Itaquaí no Vale do Javari, Estado do Amazonas, Brasil. RESULTADOS: A prevalência encontrada para o DNA-VHB gene S foi de 51,1% (92/180). Entre as amostras positivas 18/49 (36,7%) pertenciam à etnia Marubo, 68/125 (54,4%) à Kanamary e 6/6 (100%) a outras etnias. Não houve diferença significante ao nível de 5% em relação ao gênero (p=0,889). Os indígenas com PCR positiva para DNA-VHB apresentaram mediana de idade menor de 23 anos (p<0,001). Não foi constatado nenhuma diferença estatística em relação às fontes de contágio e o resultado da PCR, como também aos aspectos clínicos, com exceção da febre (p<0,001). A alta prevalência do DNA-VHB de 75% (15/20) em gestantes (p=0,009) demonstra associação com a transmissão vertical. CONCLUSÕES: Os resultados comprovam a alta prevalência do DNA-VHB no Vale do Javari, tornando-se importante traçar estratégias de controle e prevenção mais eficazes no combate à disseminação do VHB.
INTRODUCTION: Hepatitis B virus (HBV) infection is one of the most serious public health problems in the world. In Brazil, HBV endemicity is heterogeneous, with the highest disease prevalence in the North region. METHODS: A total of 180 samples were analyzed and subjected to polymerase chain reaction (PCR) and semi-nested PCR of the HBV S-gene, with the aim of determining the prevalence of HBV-DNA (deoxyribonucleic acid) in indigenous groups inhabiting the areas near the Curuçá and Itaquaí Rivers in the Javari Valley, State of Amazonas, Brazil. RESULTS: The prevalence of the HBV-DNA S-gene was 51.1% (92/180). The analysis found 18 of 49 (36.7%) samples from the Marubo tribe, 68 of 125 (54.4%) from the Kanamary, and 6 of 6 (100%) from other ethnic groups to be PCR positive. There was no statistically significant difference in gender at 5% (p=0.889). Indigenous people with positive PCR for HBV-DNA had a lower median age (p<0.001) of 23 years. There was no statistical difference found in relation to sources of contamination or clinical aspects with the PCR results, except for fever (p<0.001). The high prevalence of HBV-DNA of 75% (15/20) in pregnant women (p=0.009) demonstrates an association with vertical transmission. CONCLUSIONS: The results confirm the high prevalence of HBV-DNA in the Javari Valley, making it important to devise strategies for control and more effective prevention in combating the spread of HBV.