OBJETIVO: caracterizar fenotipicamente leveduras isoladas do conteúdo vaginal de 223 mulheres adultas, sintomáticas (S) e assintomáticas (A) para vulvovaginite, e determinar os indicadores clínicos que possivelmente levam ao surgimento de sinais e sintomas relacionados ao acometimento da mucosa por essa patologia. MÉTODOS: inicialmente foi aplicado um questionário, com questões abertas e fechadas, sobre dados clínicos epidemiológicos. Logo, ocorreu o diagnóstico micológico com semeadura em meio Chrom Agar Candida, identificação micromorfológica e bioquímica. Métodos específicos para detecção de fatores de virulência, proteinase e fosfolipase foram empregados. A análise estatística das variáveis foi estabelecida utilizando os testes χ2 e χ2 de Pearson. RESULTADOS: Candida albicans foi a espécie mais prevalente (87%, S e 67%, A), seguida de Candida glabrata (4%, S e 17%, A). O número de mulheres que referiram adoção de anticoncepcionais foi mais alto entre as sintomáticas, 77%. Nos dois grupos estudados, em torno de 87% apresentaram ciclos menstruais regulares, 57% das mulheres eram casadas com idade entre 30 a 40 anos. Em relação a práticas sexuais, houve para parte das pacientes, concomitância entre os hábitos, anal, oral e vaginal. Em relação à fosfolipase, apenas Candida albicans produziu este fator de virulência em 37,5%. A proteinase foi detectada em Candida albicans, Candida glabrata e Candida parapsilosis. Esse último fator de virulência esteve associado, principalmente, a isolados de pacientes sintomáticas. CONCLUSÕES: a colonização e infecção da mucosa vaginal por levedura é real com diversas espécies de Candida presentes. No entanto, Candida albicans se destaca como espécie prevalente em mucosa vaginal de mulheres adultas. Fica evidente a emergência de espécies de Candida não albicans, algumas com resistência intrínseca aos azólicos, tais como Candida glabrata, Candida parapsilosis, Candida tropicalis, e Candida guillermondii, o que pode ser explicado pelo uso inadequado de medicamentos e tratamento empírico.
PURPOSE: to characterize, phenotypically, yeasts isolated from the vaginal content of 223 symptomatic (S) and asymptomatic (A) adult women with vulvovaginitis, and to determine the clinical indicators which may lead to the appearance of signs and symptoms related to the mucosa involvement by this pathology. METHODS: a questionnaire with open and closed questions on epidemiological clinical data was applied initially. Then, mycological diagnosis with sowing in Chrom Agar Candida was done, followed by micro-morphological and biochemical identification. Specific methods for the detection of the virulence factors, proteinase and phospholipase were employed. Statistical analysis was performed through χ2 and Pearson's χ2 tests. RESULTS: the most prevalent species found was Candida albicans (87%, S and 67%, A) followed by Candida glabrata (4%, S e 17% A). The number of women reporting the use of contraceptives was higher among the symptomatic, 77%. In the two groups studied, about 87% of the women presented regular menstrual cycles and 57% were married with ages between 30 to 40 years old. Concerning the sexual practices, there has been concomitance among anal, oral and vaginal habits from the patients. Only Candida albicans produced the virulence factor phospholipase in 37.5% of them. Proteinase has been detected in Candida albicans, Candida glabrata and Candida parapsilosis. This latter virulence factor was mainly associated to isolates from symptomatic patients. CONCLUSIONS: it is a fact that the vaginal mucosa can be colonized and infected by yeasts, with several Candida species present. Nevertheless, Candida albicans is the most prevalent in the vaginal mucosa of adult women. It is evident the emergence of non-albicans Candida species, some of them with intrinsic resistance to azolics, such as Candida glabrata, Candida parapsilosis, Candida tropicalis, and Candida guillermondii, which can be explained by the inadequate use of medicines and empirical treatment.