Resumo Este trabalho objetiva analisar os impactos do abuso sexual na adolescência sobre variáveis relacionadas à saúde mental e identificar as características das vítimas. Para tanto, utiliza-se a metodologia do Propensity Score Matching a partir dos microdados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2015. Os resultados mostram que o jovem violentado tem um perfil comportamental, familiar e socioeconômico singular, a destacar pelo fato de que tem mais chances de já ter utilizado álcool e drogas, de ser alvo de bullying, estar em distorção idade-série, encontrar-se empregado e não ter pretensão de continuar estudando. Do ponto de vista familiar, tem pouco acompanhamento dos pais e menos chance de morar com a mãe. As estimativas revelam que o abuso sexual na adolescência pode aumentar em 13,3% a chance do jovem reportar sentimento frequente de solidão, em 7,5% a chance de ter poucos ou nenhum amigo e em 9,5% a chance de relatar insônia frequente por motivo de preocupação. Foram constatadas ainda diferenças significativas dos efeitos em mulheres e homens, sendo os impactos sobre solidão e insônia maiores para o primeiro grupo e sobre número de amigos maiores para o segundo.
Abstract This work aims to analyze the impact of childhood and adolescent sexual abuse on variables related to mental health and to identify the characteristics of the victims. To achieve this objective, microdata of the National School Health Survey 2015 was used, applying the methodology of Propensity Score Matching. The results show that the abused youth has a unique behavioral, familiar and socioeconomic profile and that they are more likely to use alcohol and drugs, be victim of bullying, to be in age-grade lag, to be employed and not to intend to continue studying. From a familiar point of view, they have low parental monitoring and lower probability of living with their mother. Estimates show that teenage sexual abuse can increase the youth’s chance of reporting a constant feeling of loneliness by 13.3 percent, a 7.5 percent higher chance of having few or none friends, and a 9.5 percent higher chance of reporting frequent insomnia. Significant differences in effects on men and women were also observed, with impacts on loneliness feelings and insomnia greater for the first group and greater on the number of friends for the second.