OBJETIVO: Descrever o perfil de uso de medicamentos entre crianças residentes em áreas pobres e fatores associados. MÉTODOS: Estudo transversal de base populacional que incluiu 1.382 crianças entre quatro e 11 anos de idade, selecionadas por amostragem aleatória de 24 micro-áreas representativas das zonas mais pobres da população residente no município de Salvador, BA, em 2006. A variável dependente foi o consumo de medicamentos nos 15 dias anteriores à realização dos inquéritos. Foram considerados três grupos de variáveis explanatórias: socioeconômicas, estado de saúde da criança e utilização dos serviços de saúde. A análise ajustada utilizou regressão de Poisson seguindo um modelo conceitual hierarquizado. RESULTADOS: A prevalência de consumo de medicamentos em crianças foi de 48%. As crianças do sexo feminino apresentaram prevalência de utilização de medicamentos superior ao sexo masculino, 50,9% e 45,4%, respectivamente (p=0,004). A prevalência de uso de medicamentos diminuiu significativamente com a idade (p<0,001) em ambos os sexos. Os grupos farmacológicos mais utilizados foram os analgésicos/antitérmicos (25,5%), antibacterianos sistêmicos (6,5%) e antitussígenos/expectorantes (6,2%). Na análise multivariada os fatores determinantes de maior utilização de medicamentos foram: idade (quatro a cinco, seis, sete a oito anos), sexo feminino, mães de cor da pele branca, pior percepção de saúde, interrupção de atividades por problemas de saúde e atendimento de saúde independentemente de estar doente nos últimos 15 dias, gasto com medicamentos no último mês e realização de consultas ao médico nos últimos três meses. CONCLUSÕES: A prevalência de uso de medicamentos entre crianças pobres estudadas foi inferior à verificada em outros estudos populacionais no Brasil, mas semelhante à de adultos. A identificação de grupos mais sujeitos ao uso excessivo de medicamentos pode embasar estratégias para promoção de seu uso racional.
OBJECTIVE: To describe drug use profile in children living in poor areas and associated factors. METHODS: Population-based, cross-sectional study, including 1,382 children aged between four and 11 years. These children were selected by random sampling of 24 micro-areas, representative of the poorest segments of the population living in the city of Salvador, Northeastern Brazil, in 2006. The dependent variable was drug use in the 15 days preceding the surveys. A total of three groups of explanatory variables were considered: socioeconomic variables, child health status, and use of health services. Adjusted analysis used Poisson regression, following a hierarchical conceptual model. RESULTS: Drug use prevalence in children was 48%. Female children showed higher drug use prevalence than males, 50.9% and 45.4%, respectively (p=0.004). Drug use prevalence decreased significantly with age (p<0.001) in both sexes. Most used pharmacological groups were: analgesics/antipyretics (25.5%), systemic antibiotics (6.5%), and anti-cough /expectorant drugs (6.2%). In the multivariate analysis, factors determining greater drug use were: age (four to five, six, seven to eight years); female sex; white mother; poorer health perception; interruption of activities due to health problems and health care, whether ill or not, in the last 15 days; drug spending in the last month; and medical visits in the last three months. CONCLUSIONS: Drug use prevalence in the poor children studied was below that observed in other population-based studies in Brazil, yet similar to that of adults. The identification of groups most subject to excessive drug use may serve as the basis for strategies to promote their rational use.
OBJETIVO: Describir el perfil de uso de medicamentos entre niños residentes en áreas pobres y factores asociados. MÉTODOS: Estudio transversal de base poblacional que incluyó 1.382 niños entre cuatro y 11 años de edad, seleccionadas por muestreo aleatorio de 24 micro-áreas representativas de las zonas más pobres de la población residente en el municipio de Salvador, Noreste de Brasil, en 2006. La variable dependiente fue el consumo de medicamentos en los 15 días anteriores a la realización de las pesquisas. Fueron considerados tres grupos de variables explicatorios: socioeconómicas, estado de salud del niño y utilización de los servicios de salud. El análisis ajustado utilizó regresión de Poisson siguiendo un modelo conceptual jerarquizado. RESULTADOS: La prevalencia de consumo de medicamentos en niños fue de 48%. Los niños del sexo femenino presentaron prevalencia de utilización de medicamentos superior al sexo masculino, 50,9% y 45,4%, respectivamente (p=0,004). La prevalencia de uso de medicamentos disminuyó significativamente con la edad (<0,001) en ambos sexos. Los grupos farmacológicos más utilizados fueron los analgésicos/antitérmicos (25,5%), antibacterianos sistémicos (6,5%) y antitusígenos/expectorantes (6,2%). En el análisis multivariado los factores determinantes de mayor utilización de medicamentos fueron: edad (cuatro a cinco, seis, siete a ocho años), sexo femenino, madres de color de piel blanca, peor percepción de salud, interrupción de actividades por problemas de salud y atención de salud independientemente de estar enfermo en los últimos 15 días, gasto con medicamentos en el último mes y realización de consultas con médico en los últimos tres meses. CONCLUSIONES: La prevalencia de uso de medicamentos entre niños pobres estudiados fue inferior a la verificada en otros estudios poblacionales en Brasil, pero semejante a la de adultos. La identificación de grupos más sujetos al uso excesivo de medicamentos puede justificar estrategias para promoción de su uso racional.