Resumo Este trabalho insere-se em um projeto investigativo no campo das culturas profissionais docentes, com a finalidade de pensar sobre processos de (re)construção de identidades docentes que ocorrem durante os cursos de formação inicial de professores, especialmente professores em formação, da graduação em licenciatura em ciências da natureza da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), no período em que realizam atividades de estágios obrigatórios nas escolas. Solicitou-se aos/às estudantes-estagiários/as a elaboração de narrativas audiovisuais que dessem a ver aspectos observados por eles durante o acompanhamento de interações ocorridas em situações de sala de aula. A aposta teórica deu-se em dois flancos: a educação do olhar e a educação do olho, com o intuito de desnaturalizar e desconstruir miradas em curso na contemporaneidade por diferentes ordens discursivas acerca das escolas. Como hipótese de pesquisa, supomos que, ao se alterar o tipo de linguagem empregada na produção discursiva, modifica-se a educação do olhar via educação do olho, possibilitando que topografias invisíveis, como processos de ensino e aprendizagem, ganhem visibilidade plástica por meio da linguagem audiovisual. Os curtas-metragens foram analisados por meio das múltiplas linguagens empregadas: corporal, verbal, visual e sonora, mobilizando, nesses professores em formação, diferentes maneiras de apresentar como vivenciam o momento de sua formação. Conclui-se que a imersão dos/as estudantes-estagiários/as em uma mesma escola, durante mais de um semestre e meio, até o momento de produção do audiovisual, possibilitou-lhes desnaturalizar concepções do que possa ser a escola pública a partir de suas experiências com a produção de curtas-metragens.
Abstract This text is part of an investigative project in the field of teacher professional cultures. It aims at thinking about the processes of (re)construction of teacher identities that take place during the initial teacher training courses, especially among the teachers-to-be who are undergoing training in the Teacher’s Training Degree in Nature Sciences at the School of Arts, Sciences and Humanities of University of São Paulo (EACH-USP). During this period, the students carry out compulsory internship activities in schools. We asked the intern/students to elaborate audiovisual narratives that would unveil aspects of the interactions observed in classroom situations. The theoretical stake opened up two fronts: the education of the eye and the education of the gaze, aiming at the denaturalisation and deconstruction of contemporary gazes by encouraging different discursive orders about the schools. As a research hypothesis, we suppose that, as the type of language employed in the discursive production is changed, also changed is the education of the gaze via the education of the eye, allowing for invisible topographies, such as the processes of teaching and learning, to gain visibility by means of audiovisual language. The short films were analysed in the multiple languages employed: body, verbal, visual and sound, mobilising, in the students/interns, different ways of presenting how they lived the moment of their training. The conclusion is that the immersion of the interns/students in a single school, during one semester and a half, up until the production moment of the audiovisual piece, allowed them to experience the denaturalisation of concepts about what a state public school might be, grounded on their experiences with the production of short films.