OBJETIVO: Avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade em pacientes ambulatoriais com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) em diferentes regiões do Brasil. PACIENTES E MÉTODOS: Avaliamos aleatoriamente 2.519 pacientes em 11 hospitais, 2 ambulatórios especializados e um posto de saúde em 10 cidades brasileiras. Consideramos sobrepeso um índice de massa corporal (IMC) > 25 e obesidade um IMC > 30 kg/m². O controle glicêmico (CG) foi avaliado pelo índice de CG [ICG= HbA1 e ou HbA1c do paciente/limite superior de normalidade do método x 100]. RESULTADOS: Os pacientes tinham idade de 58,8 ± 11,6 anos, tempo de diagnóstico clínico de DM de 9,0 ± 7,3 anos, IMC de 28,3 ± 5,2 kg/m², e 39% eram do sexo masculino. Do total da amostra, 265 pacientes (10,5%) não apresentavam avaliação do IMC. Os pacientes da região Nordeste apresentaram menor IMC em comparação com os das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, respectivamente (26,4 ± 4,7 vs. 27,9 ± 4,8 vs. 29,2 ± 5,1 vs. 29,4 ± 5,4 kg/m²; p< 0,001). Houve maior prevalência de obesidade na região Sudeste e Sul em comparação à região Nordeste (p< 0,001) e nos pacientes do sexo feminino, respectivamente (69 vs. 31%; p< 0,001). Os pacientes com peso normal apresentaram menor ICG. Aqueles em tratamento com associação de duas ou mais drogas orais e associação de insulina + droga oral apresentaram maior IMC do que aqueles em tratamento com dieta, hipoglicemiante oral e insulina; p< 0,001. O IMC não diferiu entre os pacientes assistidos ou não por especialistas. CONCLUSÕES: Da população estudada, 75% não estava na faixa de peso ideal, sendo que um terço tinha obesidade. Nossos dados indicam que o sobrepeso e a obesidade já atingem um percentual de pacientes com DM2 no Brasil semelhante ao relatado em estudos europeus, mas ainda menor do que o observado nos EUA. A prevalência de obesidade nos pacientes diabéticos foi três vezes maior do que a observada na população brasileira em geral de acordo com os dados do IBGE.
AIM: To evaluate the prevalence of overweight and obesity in type 2 diabetic (DM2) outpatients from different regions of Brazil. PATIENTS AND METHODS: We studied 2,519 randomly selected patients, from 11 hospitals, 2 endocrine and one general public care clinics from 10 cities. Overweight was defined as body-mass index (BMI) > 25 and obesity as BMI > 30 kg/m². Glycemic control (GC) was evaluated by GC index (GCI= patient's HbA1 or HbA1c/upper limit of normal for the method x 100). RESULTS: 39% of the population studied was male, the mean age was 58.8 ± 11.6 y, the duration from clinical diagnosis of DM2 was 9.0 ± 7.3y, and BMI was 28.3 ± 5.2 kg/m². No measurements of BMI were recorded from 265 patients (10.5%). Patients from the Northeast presented lower BMI as compared with those from the Midwest, Southeast and South areas, respectively (26.4 ± 4.7 vs. 27.9 ± 4.8 vs. 29.2 ± 5.1 vs. 29.4 ± 5.4 kg/m²; p< 0.001). A greater prevalence of obesity was observed in the Southeast and South areas as compared to the Northeast (p< 0.001), as well as in the female group, respectively (69% vs. 31%; p< 0.001). Normal weight patients presented lower GCI. Patients being treated with two or more oral drugs and an association of insulin plus oral drug presented greater BMI values than those being treated with diet, oral hypoglycemic agents and insulin p< 0.001. The BMI of patients treated by a specialist did not differ from those treated by a generalist. CONCLUSIONS: 75% of our sample was out of adequate BMI and 30% was obese. The percentage of patients with overweight and obesity was comparable to those found in similar European studies but still lower than those found in the USA. The prevalence of obesity in diabetic patients was three times higher than in the overall Brazilian population according to data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE).