O objetivo deste artigo é avaliar os limites e as oportunidades para o avanço das atividades de desenvolvimento de produtos entre as subsidiárias de montadoras instaladas no Brasil. Nosso pressuposto é que as estratégias mundiais das montadoras não necessariamente implicam enfraquecimento das capacitações de desenvolvimento de produtos nas subsidiárias brasileiras. Este argumento, parcialmente verdadeiro, encontra sustentação a partir de um trabalho de campo, com entrevistas direcionadas, que revelou a vigência de distintas trajetórias e estratégias de produto orientando a atuação das montadoras no Brasil. Entre as evidências empíricas, nota-se que as oportunidades para a criação de capacitações e de ampliação das atividades de desenvolvimento de produtos são maiores entre as subsidiárias brasileiras que têm seguido políticas de produto locais, as quais favorecem estágios mais adiantados de mudança nos veículos para atender aos mercados emergentes, como foi o caso da General Motors e da Fiat. Em contrapartida, no caso das políticas de produtos globais, prevalece baixa percepção acerca das especificidades regionais, restando poucas oportunidades para uma participação mais ativa da subsidiária brasileira nas atividades de desenvolvimento de produtos, que fica limitada às atividades menos complexas de tropicalização dos veículos. Inclui-se aí o caso da Ford e, em menor medida, da Volkswagen.
This paper is concerned with opportunities for activities of product development carried out by subsidiaries of the four biggest car makers based in Brazil: General Motors, Ford, Volkswagen and Fiat. The point made here is that the global strategies pursued by the car makers may not weaken the product development capability of their Brazilian subsidiaries. Empirical findings we have made up to now support this point. Based on interviews with the Brazilian subsidiaries, two distinct trajectories and product strategies are observed. Both General Motors and Fiat, adopting local product policies associated with partly decentralized global strategies, have increased their product activities and engineering staff in Brazil, strengthening their local capabilities in product development. In another direction, Ford, and to some extend Volkswagen, pursuing more centralized strategies of product development, have downsized the R&D area and engineering staff in their Brazilian subsidiaries.