RESUMO OBJETIVO Estimar a prevalência de sono autoavaliado como ruim e identificar os subgrupos da população mais susceptíveis ao problema. MÉTODOS Trata-se de estudo transversal, de base populacional, desenvolvido com dados de Inquérito de Saúde conduzido no município de Campinas (ISACamp 2014/2015). Foram analisados dados de amostra representativa de 1.998 indivíduos com 20 anos ou mais de idade. A qualidade autoavaliada do sono foi analisada segundo características sóciodemográficas, morbidades, comportamentos de saúde e sentimentos de bem-estar. Analisou-se também a associação da qualidade do sono com diferentes queixas e características do sono. Foram estimadas razões de prevalências e desenvolvido modelo de regressão múltipla de Poisson, considerando-se nas análises os pesos amostrais. RESULTADOS A prevalência de sono autoavaliado como ruim foi 29,1% e mostrou-se significativamente mais elevada nas mulheres, em indivíduos de 40 a 50 anos de idade, migrantes, sem ocupação, fisicamente inativos em contexto de lazer, com transtorno mental comum (RP = 1,59), com maior número de problemas de saúde (RP = 2,33), com saúde autoavaliada como ruim (RP = 1,61) e que manifestavam insatisfação com a vida. Sono ruim esteve fortemente associado com relatos de dificuldade de iniciar o sono (RP = 4,17), de manter o sono (RP = 4,40) e com nunca ou quase nunca se sentir bem-disposto ao acordar (RP = 4,52). CONCLUSÕES Os resultados identificam os segmentos da população com má qualidade do sono que merecem maior atenção e destacam a necessidade de avaliar, além da presença de comorbidades, a saúde mental e a presença de sentimentos de bem-estar no processo de cuidado dos pacientes com problemas de sono e no planejamento de intervenções voltadas à promoção de sono saudável.
ABSTRACT OBJECTIVE To estimate the prevalence of poor self-rated sleep and to identify the population subgroups most susceptible to the problem. METHODS This is a cross-sectional, population-based study developed with data from the Health Survey conducted in the city of Campinas (ISACamp 2014/2015). Data from a sample of 1,998 individuals aged 20 years or older were analyzed. The self-rated quality of sleep was analyzed according to socio-demographic characteristics, morbidities, health behaviors and feeling of well-being. The association of sleep quality with different complaints and characteristics of sleep was also analyzed. Adjusted prevalence ratios were estimed using Poisson multiple regression model allowing for the sample weights. RESULTS Prevalence of poor self-rated sleep was 29.1% and showed to be significantly higher in women, in individuals aged from 40 to 50 years, migrants, without occupation, physically inactive in leisure context, with common mental disorder (PR = 1.59), with greater number of health problems (PR = 2.33), poor self-rated health (PR = 1.61), and life dissatisfaction. Poor sleep was strongly associated with reports of difficulty in initiating sleep (PR = 4.17), in maintaining sleep (PR = 4.40) and with never or almost never feeling well when waking up (PR = 4.52). CONCLUSIONS The results identify the population subgroups with poor quality of sleep that deserve greater attention. It also highlight the need to consider, in addition to the presence of comorbidities, mental health and the feeling of well-being in the care of patients with sleep problems and in the interventions planed for promoting healthy sleep.