O trabalho, que antes era visto apenas como meio de sobrevivência e acúmulo de riqueza, tornou-se uma das principais dimensões da vida humana, fazendo com que os indivíduos sejam identificados mediante as atividades que realizam. Assim, o trabalho adquiriu um novo sentido para os indivíduos, uma vez que a realização pessoal está intimamente relacionada ao seu reconhecimento perante a sociedade. Diversos estudos têm abordado o trabalho por meio dos sentidos que os trabalhadores atribuem à atividade que realizam, como é o caso da presente pesquisa que investiga os sentidos produzidos por uma categoria distante das profissões formais: as prostitutas. Nesse intuito, objetiva-se apreender os sentidos subjetivos produzidos por mulheres que atuam na prostituição, em boates do interior de Minas Gerais. Para tanto, buscou-se, inicialmente, contextualizar a prostituição como profissão, desvendar a trajetória das participantes e a inserção delas nessa atividade, e levantar os sentidos subjetivos relacionados ao trabalho na prostituição. Participaram da pesquisa seis prostitutas que trabalham em boates. O levantamento dos dados deu-se por meio de uma entrevista que focou especificamente um fato marcante na trajetória profissional dessas mulheres. Optou-se pelo estudo de natureza qualitativa baseada na epistemologia qualitativa (Rey, 2005), e as análises foram fundamentadas pela acepção de sentido subjetivo. Rey (2005) defende que, entre o pensamento e a linguagem, está a emoção e que, por isso, nem sempre os sentidos subjetivos podem ser captados nas expressões diretas do sujeito. Ao final, apreenderam-se sentidos subjetivos relacionados ao trabalho na prostituição que se relacionam a violência, aborto induzido, abandono, desconfiança, preconceito, discriminação, humilhação, medo, insegurança e solidão. A análise dos sentidos subjetivos das prostitutas perante o trabalho que realizam mostrou-se oportuna para o entendimento de aspectos importantes da relação entre as participantes da pesquisa e os sentidos que atribuem ao seu trabalho, e possibilitou evidenciar que as relações no espaço do trabalho estão permeadas por inúmeras outras que ocorrem em outros espaços sociais de atuação dos sujeitos.
ABSTRACT Work, which was once seen only as a mean of survival and accumulation of wealth, has become one of the major dimensions of human life, causing individuals to be identified through the activities they perform. Thus, work took on a new meaning for individuals, since personal fulfillment is closely related to its recognition in society. Several studies have addressed work through the senses that workers attach to the activities they carry out, as the case of the present research that investigates the sense produced by a particular category, distant from formal professions: prostitutes. To that end, the objective is to capture the subjective senses produced by women working as prostitutes in nightclubs in the countryside of Minas Gerais. For this, it was sought, in the first place, to contextualize prostitution as a profession, unravel the life trajectory of participants and their insertion in this activity, and raise the subjective senses related to work in prostitution. Six prostitutes, who work in nightclubs, participated in the survey. The data collection was performed through an interview focusing specifically on a milestone in the professional trajectory of these women. The qualitative study based on the Qualitative Epistemology (Rey, 2005) was adopted and analyses were based on the comprehension of subjective sense. The author argues that between the thought and the language, lies the emotion, and, therefore,subjective senses cannot be always captured in the subject’s direct expressions. Finally, subjective senses related to work in prostitution were comprehended, relating to violence, abortion, abandonment, mistrust, prejudice, discrimination, humiliation, fear, insecurity and loneliness. The analysis of subjective senses of prostitutes regarding their work proved timely for the understanding of important aspects of the relationship between the research participants and the senses they ascribe to their work and made it possible to evidence that relations in the work environment are permeated by countless others which occur in other social environments of the subjects’ activity.
RESUMEN El trabajo, que antes fue mirado solamente como una forma de sobrevivir y acumulación de riqueza, se convirtió en una de las principales dimensiones de la vida humana, haciendo con que las personas sean identificadas por las actividades que realizan. Así, el trabajo ha adquirido un nuevo sentido para las personas, una vez que la realización personal está íntimamente relacionada a su reconocimiento delante de la sociedad. Diversos estudios han abordado el trabajo a través de los sentidos que los trabajadores atribuyen a la actividad que realizan, como es el caso de esta investigación que busca los sentidos producidos por una categoría distante de las profesiones formales: las prostitutas. Con esa intención, el objetivo fue aprender los sentidos subjetivos producidos por mujeres que actúan en la prostitución en clubes nocturnos en el interior del Estado de Minas Gerais. Desde esta perspectiva, se ha buscado, en el inicio, contextualizar la prostitución como profesión, develar la trayectoria de las participantes y su inserción en esa actividad y relacionar los sentidos subjetivos relacionados al trabajo en la prostitución. Fueron entrevistadas seis prostitutas que trabajan en clubes nocturnos. La recopilación de datos se realizó por entrevistas con foco específico en un hecho destacado en la trayectoria profesional de estas mujeres. Se decidió por estudio de naturaleza cualitativa enfocada en Epistemología Cualitativa (Rey, 2005) y los análisis fueron fundamentados por la acepción de sentido subjetivo. El autor argumenta que entre el pensamiento y el lenguaje está la emoción, y que por eso ni siempre los sentidos subjetivos pueden ser comprendidos en las expresiones directas del sujeto. Al final, se aprehendieron sentidos subjetivos relacionados al trabajo en la prostitución que están conectados a la violencia, aborto provocado, abandono, desconfianza, prejuicio, discriminación, humillación, miedo, inseguridad y soledad. El análisis de los sentidos subjetivos de las prostitutas delante del trabajo que realizan se mostró muy oportuno para el entendimiento de aspectos importantes de la relación entre las entrevistadas y los sentidos que atribuyen a su trabajo, y posibilitó evidenciar que las relaciones en el espacio del trabajo están permeadas por numerosas otras formas que se producen en otros espacios sociales de actuación de los sujetos.