RESUMO - RACIONAL: Apesar do avanço nas terapias, o prognóstico de pacientes com câncer gástrico (CG) avançado permanece ruim. Vários estudos demonstraram a expressão do receptor de estrogênio alfa (REa), porém seu significado no CG permanece controverso. OBJETIVO: relatar uma série de casos de CG com expressão de REa-positivo, e descrever suas características clínicopatológicas e prognóstico. MÉTODOS: Avaliamos retrospectivamente os pacientes com CG submetidos à gastrectomia com intenção curativa entre 2009 e 2019. A expressão do REa foi avaliada por imuno-histoquímica por meio da construção de microarranjos de tecido (TMA). Pacientes com adenocarcinoma gástrico ERa-negativos serviram como grupo comparação. RESULTADOS: No período selecionado, foram identificados 6 (1,8%) CG REa-positivos entre os 345 CG analisados. Todos os ERa-positivos eram homens, com idades entre 34-78 anos, tinham CG do tipo difuso de Lauren e pN+. Comparado aos REa-negativos, os CG REa-positivos associaram-se a maior diâmetro (p=0,031), gastrectomia total (p=0,012), tipo de Lauren difuso/misto (p=0,012), presença de invasão perineural (p=0,030) e metástase linfonodal (p=0,215). O estágio final foi o IIA em um caso; IIIA em três e IIIB em dois casos. Entre os 6 pacientes REa -positivos, 3 tiveram recorrência da doença (peritoneal) e morreram. Não houve diferença significativa na sobrevida entre os grupos REa-positivo e negativo. CONCLUSÃO: A expressão do REa é menos comum no CG, estando associada à histologia difusa e presença de metástases linfonodal, podendo servir como um marcador relacionado à progressão tumoral e pior prognóstico. Além disso, uma alta taxa de recorrência peritoneal foi observada em pacientes ERa-positivos.
ABSTRACT - BACKGROUND: Despite advances in therapies, the prognosis of patients with advanced gastric cancer (GC) remains poor. Several studies have demonstrated the expression of estrogen receptor alpha (ERa); however, its significance in GC remains controversial. AIM: The present study aims to report a case series of GC with ERa-positive expression and describe their clinicopathological characteristics and prognosis. METHODS: We retrospectively evaluated patients with GC who underwent gastrectomy with curative intent between 2009 and 2019. ERa expression was assessed by immunohistochemistry through tissue microarray construction. Patients with ERa-negative gastric adenocarcinoma served as a comparison group. RESULTS: During the selected period, 6 (1.8%) ERa-positive GC were identified among the 345 GC patients analyzed. All ERa-positive patients were men, aged 34-78 years, and had Lauren diffuse GC and pN+ status. Compared with ERa-negative patients, ERa-positive patients had larger tumor size (p=0.031), total gastrectomy (p=0.012), diffuse/mixed Lauren type (p=0.012), presence of perineural invasion (p=0.030), and lymph node metastasis (p=0.215). The final stage was IIA in one case, IIIA in three cases, and IIIB in two cases. Among the six ERa-positive patients, three had disease recurrence (peritoneal) and died. There was no significant difference in survival between ERa-positive and ERa-negative groups. CONCLUSIONS: ERa expression is less common in GC, is associated with diffuse histology and presence of lymph node metastasis, and may be a marker related to tumor progression and worse prognosis. Also, a high rate of peritoneal recurrence was observed in ERa-positive patients.