Foi realizado um estudo transversal, de base populacional, com o objetivo de determinar a prevalência de distúrbios psiquiátricos menores (DPM) e verificar sua associação com fatores de risco. A amostragem por conglomerados foi definida em estágios múltiplos, incluindo 1967 pessoas com idade entre 20 e 69 anos, identificadas em 40 setores censitários da zona urbana da cidade de Pelotas. As entrevistas foram realizadas nos domicílios, utilizando-se um questionário pré-codificado, contendo SRQ-20, informações socioeconômicas e demográficas, presença de doenças crônicas, utilização de serviços de saúde, consumo de álcool, hábito de tabagismo e coleta de medidas antropométricas. A presença de DPM foi definida a partir de 6 e 7 respostas positivas no SRQ-20, para homens e mulheres, respectivamente. A prevalência de DPM foi de 28,5%, com intervalo de confiança de 95% entre 26,5% e 30,5%. A prevalência foi maior nas pessoas inseridas nas classes sociais mais baixas, de menor renda, acima de 40 anos e do sexo feminino. Na análise ajustada, os distúrbios psiquiátricos menores mantiveram-se associados com hábito de tabagismo, presença de doença crônica não transmissível e freqüência de consultas médicas. Os resultados indicam que as prevalências de DPM foram semelhantes a outros estudos realizados no município e atingem principalmente as camadas sociais mais baixas. Embora não tenham sido diferentes em relação ao tipo de serviço de saúde utilizado, mostraram associação com a freqüência de utilização de assistência médica, sugerindo que esses resultados possam orientar a formação de profissionais de saúde e o planejamento das ações de saúde.
The purpose of this study was to determine the prevalence of minor psychiatric disorders (MPD) in the population of Pelotas, and to determine their association with risk factors. A cross-sectional, population-based survey was conducted, with a cluster sample, defined through multiple stages, of 1,967 adults ranging from 20 to 69 years of age. The questionnaire included several items, such as age, gender, family income, BMI (Body Mass Index), chronic disease report, health service utilization, and alcohol and tobacco consumption; it also included the Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), a valid instrument. Six positive answers for males, and 7 for females, indicated the occurrence of MPD in this test. Among the 1,967 people included, 561 (28.5%) had MPD. Individuals with a low income were twice as likely to acquire minor psychiatric disorders, when compared to those classified in higher social classes. The condition was more frequent in females, with 383 (34.2%) individuals affected. People aged 40, or more, were at higher risk. The association with cigarette smoking, chronic diseases, and frequency of medical visits persisted after calculating logistic regression. The results were similar to those of comparable studies carried out in the city, which demonstrated a high prevalence in lower social classes. MPD are also associated with the frequency of medical visits, showing that these results might be of use in the training of health professionals and in planning health care interventions.