RESUMO Contexto O escore de Rockall é a escala de prognóstico mais amplamente usada para avaliar o risco de complicações de sangramento gastrointestinal superior não varicoso. Vários estudos foram conduzidos em populações adultas com sangramento gastrointestinal superior não varicoso em diferentes partes do mundo, com achados conflitantes quanto à extensão da associação entre o escore e alguns desfechos de morbimortalidade. Há também controvérsias em relação ao melhor ponto de corte para a pontuação. Além disso, não foram realizados estudos que validem essa pontuação na Colômbia. Objetivo Avaliar o desempenho diagnóstico do escore de Rockall na previsão de ressangramento e mortalidade em pacientes com sangramento gastrointestinal superior não varicoso. Métodos Um estudo de coorte prospectivo foi conduzido em pacientes que necessitaram de endoscopia digestiva alta (EDA) para sangramento não varicoso. Os escores de Rockall pré e pós-endoscopia foram calculados e os resultados, incluindo mortalidade, mortalidade associada ao sangramento gastrointestinal superior não varicoso e ressangramento intra-hospitalar foram determinados nos pontos de tempo de 1 e 3 meses. A associação entre os escores e esses desfechos foram avaliados pelo teste de chi2 ou Fisher, enquanto a habilidade de discriminação do escore foi determinada pelas áreas sob a curva ROC (AUC). Alta capacidade de discriminação foi considerada existente nos casos em que uma AUC ≤0,7 com α=0,05 poderia ser rejeitada. Resultados No geral, 177 pacientes foram analizados. Os desfechos hospitalares em 1 e 3 meses foram de 12%, 17% e 23% para mortalidade geral, 6%, 12% e 15% para mortalidade com hemorragia digestiva alta e 19%, 30% e 37% para ressangramento. O escore de Rockall pós-endoscopia foi associado aos três desfechos nos três momentos avaliados, enquanto o escore pré-endoscopia foi associado apenas à mortalidade geral nos três momentos, e ressangramento em 1 e 3 meses. Em relação à capacidade de discriminação, embora a AUC fosse maior do que o esperado pela aleatoriedade (0,5) em todos os casos, apenas uma AUC ≤0,7 foi rejeitada no escore pós-endoscopia para mortalidade com hemorragia digestiva alta intra-hospitalar (AUC =0,901; 95%IC: 0,845—0,958), em 1 mês (AUC =0,836; 95%IC 0,717—0,954) e em 3 meses (AUC =0,869; 95%IC: 0,771—0,967), e para ressangramento em 1 mês (AUC =0,793; 95%IC: 0,725—0,861) e aos 3 meses (AUC =0,806; 95%IC: 0,741—0,871). Conclusão Foi encontrada associação entre o escore de Rockall, ressangramento e mortalidade em pacientes com hemorragia digestiva alta não varicosa. Apenas o escore pós-endoscopia teve alta capacidade preditiva para ressangramento e mortalidade por sangramento gastrointestinal superior não varicoso.
ABSTRACT Background Rockall score is the most widely used prognostic scale for assessing risk of complications from non-varicose upper gastrointestinal bleeding (UGIB). Several studies have been conducted in adult populations with non-varicose UGIB in different parts of the world, with conflicting findings regarding the extent of association between the score and some morbidity and mortality outcomes. Also, there is controversy regarding the best cut-off point for the score. Moreover, no studies validating this score in Colombia have been carried out. Objective To assess the diagnostic performance of the Rockall score in predicting rebleeding and mortality in patients with non-varicose UGIB. Methods A prospective cohort study was conducted in patients requiring upper gastrointestinal endoscopy (UGIE) for non-varicose bleeding. The pre-and post-endoscopy Rockall scores were calculated and outcomes, including mortality, UGIB-associated mortality and in hospital rebleeding were determined at the 1 and 3-month time points. The association between the scores and these outcomes was assessed using the chi2 or the Fisher test, whereas the discrimination ability of the score was determined using the areas under the ROC curve (AUC). High discrimination ability was considered to exist in cases in which an AUC ≤0.7 with α=0.05 could be rejected. Results Overall, 177 patients were analyzed. In-hospital outcomes at 1 and 3 months were 12%, 17% and 23% for general mortality, 6%, 12% and 15% for UGIB mortality, and 19%, 30% and 37% for rebleeding. The post-endoscopy Rockall score was associated with the three outcomes at the three time points assessed, while the pre-endoscopy score was only associated with general mortality at the three time points, and rebleeding at 1 and 3 months. Regarding discrimination ability, although the AUC was greater than expected by randomness (0.5) in all cases, only one AUC ≤0.7 was rejected in the post-endoscopy score for in-hospital UGIB mortality (AUC=0.901; 95%CI: 0.845—0.958), at 1 month (AUC=0.836; 95%CI: 0.717—0.954) and at 3 months (AUC=0.869; 95%CI: 0.771—0.967), and for rebleeding at 1 month (AUC=0.793; 95%CI: 0.725—0.861) and at 3 months (AUC=0.806; 95%CI: 0.741—0.871). Conclusion An association was found between the Rockall score and rebleeding and mortality in patients with non-varicose UGIB. Only the post-endoscopy score had a high predictive ability for rebleeding and UGIB mortality.