Colocando em diálogo as pesquisas empíricas de Maria Isaura Pereira de Queiroz, Maria Sylvia de Carvalho Franco e Florestan Fernandes, realizadas nas décadas de 1950 e 1960 na Universidade de São Paulo, discutimos como esses três sociólogos trataram, mesmo que às vezes indiretamente, a questão da participação social, com o intuito de divisar o seu potencial teórico. Analisando as modalidades de participação do “homem comum” nas instâncias da vida política – nos processos eleitorais, nas relações com a burocracia do Estado, nos movimentos sociais, etc. –, Queiroz, Franco e Fernandes, de diferentes maneiras, situaram suas possibilidades e limites de acordo com as especificidades do processo mais geral de passagem do rural ao urbano no Brasil. Entendemos que a perspectiva histórica desses três autores, que mostram os efeitos de longa duração das raízes agrárias na conformação do mundo urbano, é fundamental para uma melhor compreensão dos dilemas de participação na sociedade brasileira contemporânea.
This article discusses the question of social participation in the empirical researches of three sociologists, Maria Isaura Pereira de Queiroz, Maria Sylvia de Carvalho Franco and Florestan Fernandes, in order to detect its theoretical potential. In these researches, conducted in the 1950s and 1960s at the University of São Paulo, the authors, in different and sometimes indirect ways, studied the modalities of participation of “ordinary people” in political life, like electoral processes, relations with state bureaucracy, social movements and so forth. Also, they theorized social participation in the wider and specific context of rural-urban transition in Brazilian society, what conditioned its possibilities and limits. The historical perspective of these three authors, showing the long duration effects of agrarian roots in shaping the urban world, can bring a better understanding of participation dilemmas in contemporary Brazil.
Cet article traite de la question de la participation sociale dans les recherches empiriques de trois sociologues, Maria Isaura Pereira de Queiroz, Maria Sylvia de Carvalho Franco et Florestan Fernandes, afin de détecter son potentiel théorique. Dans ces recherches, menées dans les années 1950 et 1960 à l’Université de São Paulo, les auteurs, de différentes et parfois indirectes manières, ont étudié les formes de participation des «hommes communs» dans la vie politique, comme les processus électoraux, les relations avec la bureaucratie d’Etat, les mouvements sociaux et ainsi de suite. En outre, ils ont théorisé la participation sociale dans le contexte plus large et spécifique de transition rural-urbain dans la société brésilienne, ce qui conditionne ses possibilités et ses limites. La perspective historique de ces trois auteurs, montrant les effets de longue durée des racines agraires dans le monde urbain, peut apporter une meilleure compréhension des dilemmes de la participation au Brésil contemporain.