TEMA: a realimentação auditiva atrasada (RAA) é ao que parece, uma técnica que tem sido utilizada no tratamento da gagueira com bons resultados. Muitos aparelhos de RAA são comercializados. No entanto, nem todas as pessoas que gaguejam experimentam melhora na fluência da fala ao utilizar a RAA e quando os efeitos são positivos observam-se diferenças consideráveis em relação ao grau e às condições em que a melhora na fala ocorreu. Neste sentido, a decisão de utilizar ou não a RAA no tratamento de um cliente nem sempre é óbvia. OBJETIVO: o presente artigo se propõe a discutir e ilustrar fatores a serem considerados, no que se refere à utilização da RAA em terapia individual, com base em uma revisão de literatura. Quatro tipos de fatores são apresentados: fatores inerentes ao cliente, tais como sexo, idade, severidade de gagueira, tipologia da disfluência, origem da gagueira e tipo biológico; fatores externos ao cliente, como o tempo de retorno da informação auditiva, intensidade, modo de apresentação, modalidade e situação de fala; possíveis efeitos colaterais como redução da velocidade de fala, aumento da freqüência fundamental e da intensidade vocal, prolongamento de vogais e um possível efeito na naturalidade fala; outros fatores como questões estéticas, questões financeiras e duração do efeito na fala. CONCLUSÃO: a revisão aponta a influência de fatores múltiplos, mas com os dados existentes é difícil predizer se o indivíduo será ou não beneficiado pelo uso da RAA. Em suma, além das evidências em relação à influência de diferentes fatores serem ainda pobres, alguns estudos apresentam dados de pouca qualidade que não podem ser considerados "evidência".
BACKGROUND: there is some indication that the use of delayed auditory feedback (DAF) is a potentially helpful technique in the treatment of stuttering. Several devices for DAF are also commercially. However, not all individuals who stutter experience a positive effect on speech fluency when speaking under DAF. And those who do show a positive effect, may differ considerably as to the degree and the conditions in which the effect is seen. Therefore, the decision whether or not to attempt the use of DAF in an given client is usually not straightforward. AIM: starting from a literature review, the present paper discusses and illustrates factors to take into account when considering the use of RAA in an individual client. Four types of factors are distinguished: factors inherent to the client such as gender, age, stuttering severity, dysfluency pattern, origin of stuttering, and biological subtype; factors outside the client including delay time, intensity, manner of delivery, speech mode, and speech situation; possible side-effects like a reduction in speech rate, an increase of speaking fundamental frequency and vocal intensity, lengthening of vowels, and a possible effect on speech naturalness; others namely cosmetics, finances, and the long-term effect. CONCLUSION: the review shows that most likely multiple factors play a role, but with the currently available data it is very hard to predict whether a given individual will or will not benefit from the use of DAF. Overall, the evidence for the influence of the different factors is still meager. Moreover, some studies present data of a quality that can hardly be considered "evidence".