Resumo: Introdução: A medicina é uma profissão de prestígio, e, por isso, embora a concorrência para a admissão seja acirrada e os estudos exijam dedicação e sacrifícios, todos os anos milhares de jovens enfrentam o desafio de se tornarem médicos. Objetivo: Este estudo teve como objetivo descrever as razões pelas quais os acadêmicos de um curso de Medicina escolheram a medicina como profissão e suas preocupações quanto à perspectiva laboral. Método: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva e documental, realizada por meio da aplicação de questionário com questões sociodemográficas e específicas. Resultado: Destacou-se elevada percentagem do gênero feminino, com 63,31% dos participantes. As principais razões de escolha da medicina como profissão foram altruísmo (71,75%), estabilidade financeira (59,42%) e realização pessoal (58,77%). Entretanto, houve diminuição da preferência pelo altruísmo durante o internato (p < 0,01). A maior preocupação após a formação foi “realizar um bom trabalho/ser um bom profissional” (79,87%), e, em relação ao “mercado de trabalho” e à “desvalorização da profissão”, verificou-se aumento da preocupação durante o internato (p < 0,001). A maioria (91,92%) manifestou a intenção de tornar-se médico especialista, sendo mais desejada a especialidade ginecologia e obstetrícia. Em relação à forma de trabalho, 51,3% apontaram que gostariam de trabalhar como profissionais autônomos, 55,52% manifestaram o desejo de ter um emprego público ou particular, e 7,92% mencionaram a atuação como profissionais liberais. A maior dificuldade esperada na profissão foi a concorrência (57,70%), e o requisito mais importante para o exercício profissional foi a “medicina como meio para ser útil ou ajudar pessoas” (98,38%). Sobre os sentimentos experimentados como estudante, os níveis de ansiedade, estresse e sensação de sobrecarga foram elevados, respectivamente 80,52%, 79,55% e 73,38%. Conclusão: No início do curso, existe uma visão mais idealizada da medicina, e, no desenvolver das fases, conforme ocorre o contato com a prática médica, os acadêmicos percebem melhor as dificuldades e aumentam suas preocupações, sobretudo com o mercado de trabalho e a desvalorização da profissão, provocando, em alguns, a diminuição dos ideais humanísticos que motivaram a escolha da profissão, aspecto a ser valorizado pelas escolas de Medicina durante o ensino.
Abstract: Introduction: Medicine is a prestigious profession, therefore, although competition for admission is fierce and studies require dedication and sacrifices, thousands of young people face the challenge of becoming doctors every year. Objective: Describe the reasons why medical school students chose Medicine as a profession and their concerns about the job perspective. Method: Quantitative descriptive and documentary research, through the application of a questionnaire with sociodemographic and specific questions. Result: A high percentage of the female gender stood out, with 63.31% of the participants. The main reasons for choosing Medicine as a profession were altruism (71.75%), financial stability (59.42%) and personal accomplishment (58.77%). However, there was a decrease in the preference for altruism during internship (p<0.01). The biggest concern after training was “Doing a good job / Being a good professional” (79.87%) and, in relation to the “job market” and “devaluation of the profession”, there was an increase in the concern during internship (p <0.001). The majority (91.92%) expressed the intention to become a specialist physician, with the specialty of Gynecology and Obstetrics being the most sought after. Regarding the way of working, 51.3% expressed the desire to be a self-employed professional, 55.52% a public or private employee and 7.92% a liberal professional. The greatest difficulty expected in the profession was competition (57.70%) and the most important requirement for professional practice was “Medicine as a means to be useful or help people” (98.38%). Regarding the feelings experienced as a student, the levels of anxiety, stress and feeling of overload were high, respectively 80.52%, 79.55% and 73.38%. Conclusion: At the beginning of the course, there is a more idealized view of Medicine and throughout the development of phases, as contact with medical practice occurs, the students better understand their difficulties and increase their concerns, especially with the job market and the devaluation of the profession, causing, in some, the reduction of the humanistic ideals that motivated the choice of the profession, an aspect to be valued by medical schools during professional training.