OBJETIVO: Investigar, no âmbito do Estado de Alagoas, a composição corporal e a prevalência de hipertensão arterial em mulheres quilombolas, tendo como referencial mulheres não quilombolas. MÉTODOS: Os dados procedem de dois inquéritos transversais realizados em 2005 e 2008. O primeiro estudou amostra representativa de mães e crianças menores de cinco anos de Alagoas. Para o segundo, eram elegíveis todas as mulheres de 18 a 60 anos residentes nas comunidades (n=39) quilombolas do estado. As informações de interesse foram obtidas por meio de visitas domiciliares. Utilizaram-se como medida de associação a razão de prevalência e o respectivo intervalo de confiança de 95%, calculados por análise de regressão de Poisson com ajuste robusto da variância. RESULTADOS: Foram avaliadas 1 631 mulheres quilombolas e 1 098 não quilombolas. As mulheres quilombolas apresentaram menor escolaridade, maior número de filhos, maior prevalência de hipertensão arterial, menor estatura, maior idade da menarca, maior índice de massa corporal, bem como percentual de gordura corporal, circunferência da cintura, razão entre cintura e estatura e razão entre cintura e quadril. Após ajuste para idade, as prevalências das seguintes condições permaneceram mais elevadas entre quilombolas: hipertensão arterial (RP=1,81; IC95%: 1,49; 2,21), circunferência da cintura >80cm (razão de prevalência =1,23 IC95%: 1,11; 1,37), RCE >0,5 (RP=1,11; IC95%: 1,02; 1,21) e RCQ >0,85 (RP=1,64; IC95%: 1,43; 1,88). CONCLUSÃO: O nível socioeconômico das mulheres quilombolas é inferior ao das não quilombolas; além disso, as quilombolas estão submetidas a um maior risco de obesidade abdominal e de hipertensão arterial, características que as classificam como um grupo especialmente vulnerável à morbimortalidade por doenças cardiovasculares, justificando prioridade na implementação de medidas de atenção.
OBJECTIVE: This study investigated the body composition and prevalence of hypertension in maroon women from the State of Alagoas and compared these variables with those of non-maroon women from the same state. METHODS: The data were collected from two cross-sectional surveys done in 2005 and 2008. The first study included a representative sample of mothers of children aged 0 to 5 years from the State of Alagoas, and the second study included all women aged 18 to 60 years living in maroon communities (n=39) in the same state. Data were collected during home interviews. The prevalence ratio and respective 95% confidence interval given by the Poisson regression with robust adjustment of variance was used as the measure of association. RESULTS: The study assessed 1,631 maroon women and 1,098 non-maroon mothers. Maroon women had lower education level, more children, higher prevalence of hypertension and stunting, and higher age at menarche, body mass index, waist circumference, waist-to-height ratio, and waist-to-hip ratio. After adjustment for age, the following prevalences remained higher in maroon women: hypertension (PR=1.81; 95%CI: 1.49; 2.21), WC >80cm (PR=1.23 95%CI: 1.11; 1.37), WHtR >0.5 (PR=1.11; 95%CI: 1.02; 1.21), and WHR >0.85 (PR=1.64; 95%CI: 1.43; 1.88). CONCLUSION: Maroon women belong to lower socioeconomic classes than non-maroon women and are at greater risk of abdominal obesity and hypertension, characteristics that make them especially vulnerable to the morbidity and mortality caused by cardiovascular diseases, justifying the preferential implementation of measures of care.