OBJETIVO: Descrever a utilização de medicamentos em crianças aos três, 12 e 24 meses de idade. MÉTODOS: Estudo transversal utilizando dados da Coorte de Nascimentos de Pelotas, RS, de 2004. Foram incluídas 3.985 crianças aos três meses, 3.907 aos 12 meses e 3.868 aos 24 meses de idade. O desfecho considerado foi o uso de medicamentos pelas crianças nos 15 dias anteriores à entrevista. Informações sobre as variáveis independentes (medicamentos utilizados, fonte de indicação, forma de aquisição, regularidade do uso e grupos terapêuticos) foram coletadas por meio de questionário padronizado, em entrevista aos pais nos domicílios. RESULTADOS: As prevalências de uso de medicamentos aos três, 12 e 24 meses foram de 65,0% (IC 95%: 63,5;66,5), 64,4% (IC 95%: 62,9;65,9) e 54,7% (IC 95%: 53,1;56,2), respectivamente. Com o avanço da idade observou-se diminuição no número total de medicamentos utilizados e aumento na automedicação, essa última chegando a 34% aos 24 meses. Também, a freqüência do uso de medicamentos em caráter eventual aumentou e diminuiu a de uso contínuo. Os medicamentos foram adquiridos principalmente com recursos próprios e cerca de 10% foi adquirido pelo Sistema Único de Saúde. Observou-se mudança no perfil dos grupos terapêuticos mais utilizados em função da idade. Aos três meses, o maior uso foi de medicamentos dermatológicos (36%); aos 12 meses, de medicamentos para o sistema respiratório (24%); e, aos 24 meses, de analgésicos (26%). Comparando-se o uso aos 24 meses com o dos três meses de idade observou-se diminuição na utilização de: medicamentos destinados ao trato alimentar e metabolismo, aos órgãos dos sentidos, sistema cardiovascular e produtos dermatológicos. Houve aumento na utilização de: medicamentos anti-infecciosos sistêmicos, destinados ao sistema musculoesquelético, ao sistema respiratório, analgésicos, antiparasitários, inseticidas e repelentes. CONCLUSÕES: A utilização de medicamentos nesta coorte foi elevada e remete à necessidade de priorização do uso racional de medicamentos nos primeiros anos de vida.
OBJECTIVE: To describe medicine use by children at three, 12 and 24 months of age. METHODS: Cross-sectional study using data from the 2004 Pelotas Birth Cohort (Southern Brazil), including: 3,985 children at three months, 3,907 children at 12 months, and 3,868 children at 24 months of age. The outcome investigated was use of medicine in the 15 days preceding the interview. Information on independent variables (medicine used, who indicated it, how it was obtained, periodicity of use, and therapeutic group) were collected using a standardized questionnaire administered during a home interview with the child's parents. RESULTS: Prevalence of medicine use at three, 12, and 24 months was 65.0% (95% CI: 63.5;66.5), 64.4% (95% CI: 62.9;65.9), and 54.7% (95% CI: 53.1;56.2), respectively. As age increased, there was a reduction in the total number of medicines used and an increase in self-medicine, which reached 34% at 24 months. Furthermore, frequency of sporadic medicine use increased, while that of continuous use decreased. Medicine was purchased mainly using private resources, with roughly 10% of drugs being purchased through the Brazilian National Health Care System. The profile of medicine types used also changed with age. The type of medicine most frequently used were dermatological products (36%) at three months; respiratory system drugs (24%) at 12 months; and analgesics (26%) at 24 months of age. Compared to three months, medicine use at 24 months was characterized by decreased use of digestive tract and metabolism drugs, drugs for the sensory organs, cardiovascular system drugs, and dermatological products, and an increase in systemic anti-infectious drugs, medicine for the skeletomuscular and respiratory systems, analgesics, insecticides, and repellents. CONCLUSIONS: Medicine use in this cohort was high and indicates the need for prioritizing rational use of medicine in early life.
OBJETIVO: Describir la utilización de medicamentos en niños a los tres, 12 y 24 meses de edad. MÉTODOS: Estudio transversal utilizando datos de la Cohorte de Nacimientos de Pelotas, Sur de Brasil, de 2004. Fueron incluidas 3.985 niños a los tres meses, 3.907 a los 12 meses y 3.868 a los 24 meses de edad. El hecho considerado fue el uso de medicamentos por los niños en los 15 días anteriores a la entrevista. Informaciones sobre las variables independientes (medicamentos utilizados, fuente de indicación, forma de adquisición, regularidad en el uso y grupos terapéuticos) fueron colectadas por medio de cuestionario estandarizado, en entrevista a los padres en los domicilios. RESULTADOS: Las prevalencias en el uso de medicamentos a los tres, 12 y 24 meses fueron de 65,0% (IC 95%: 63,5;66,5), 64,4% (IC 95%: 62,9;65,9) e 54,7% (IC 95%: 53,1;56,2), respectivamente. Con el avance de la edad se observó disminución en el número total de medicamentos utilizados y aumento en la automedicación, ésta última alcanzando el 34% a los 24 meses. También, la frecuencia en el uso de medicamentos en carácter eventual aumentó y disminuyó con relación al uso continuo. Los medicamentos fueron adquiridos principalmente con recursos propios y cerca de 10% fue adquirido por el Sistema Único de Salud. Se observó cambio en el perfil de los grupos terapéuticos más utilizados en función de la edad. A los tres meses, el mayor uso fue de medicamentos dermatológicos (36%); a los 12 meses, de medicamentos para el sistema respiratorio (24%); e, a los 24 meses, de analgésicos (26%). Al compararse el uso a los 24 meses con el de los tres meses de edad se observó disminución en la utilización de: medicamentos destinados al tracto alimenticio y metabolismo, a los órganos de los sentidos, sistema cardiovascular y productos dermatológicos. Hubo aumento en la utilización de: medicamentos anti-infecciosos sistémicos, destinados al sistema músculo esquelético, al sistema respiratorio, analgésicos, antiparasitarios, insecticidas y repelentes. CONCLUSIONES: La utilización de medicamentos en esta cohorte fue elevada y remite a la necesidad de priorizar el uso racional de medicamentos en los primeros años de vida.