Angiostrongilíase abdominal é uma zoonose causada pelo Angiostrongylus costaricensis, nematódeo que se localiza no interior de vasos mesentéricos. Nosso objetivo foi de abordar vários aspectos da história natural da parasitose, num estudo longitudinal clínico-sorológico. Um total de 179 indivíduos residentes em área rural no sul do Brasil, com transmissão ativa, foram seguidos por cinco anos. Neste período foram registradas prevalências de 28,2%, 4,2%, 10%, 20,2% e 2,8% e incidências de 0%, 5,9%, 8% e 1,5%. Tanto o sexo masculino quanto o feminino foram afetados com maiores frequências na faixa etária dos 30 aos 49 anos. Em 32 indivíduos, amostras de soro foram coletadas em todas as etapas e a reatividade de IgG detectada por ELISA foi variável e geralmente não persistindo mais do que um ano. Alguns padrões individuais foram sugestivos de re-infecção. Não houve associação com a ocorrência nem de dor abdominal nem com outras enteroparasitoses e não houve nenhum caso com diagnóstico confirmado (histopatológico) da infecção. Moluscos foram encontrados portando larvas infectantes de terceiro estadio, em algumas moradias, com uma prevalência geral de 16% e baixas cargas parasitárias. Em conclusão, a angiostrongilíase abdominal no sul do Brasil pode ser uma infecção frequente, porém com baixa morbidade e reatividade sorológica de gradual declínio.
Abdominal angiostrongyliasis is a zoonotic infection caused by Angiostrongylus costaricensis, a nematode with an intra-vascular location in the mesentery. Our objective was to address several aspects of the natural history of this parasitosis, in a longitudinal clinical and seroepidemiological study. A total of 179 individuals living in a rural area with active transmission in southern Brazil were followed for five years (1995-1999) resulting in yearly prevalence of 28.2%, 4.2%, 10%, 20.2% and 2.8% and incidences of 0%, 5.9%, 8% and 1.5%, respectively. Both men and woman were affected with higher frequencies at age 30-49 years. In 32 individuals serum samples were collected at all time points and IgG antibody reactivity detected by ELISA was variable and usually persisting not longer than one year. Some individual antibody patterns were suggestive of re-infection. There was no association with occurrence of abdominal pain or of other enteroparasites and there was no individual with a confirmed (histopathologic) diagnosis. Mollusks were found with infective third-stage larvae in some houses with an overall prevalence of 16% and a low parasitic burden. In conclusion, abdominal angiostrongyliasis in southern Brazil may be a frequent infection with low morbidity and a gradually decreasing serological reactivity.