Em função do reconhecimento crescente do enfoque do ciclo vital na determinação de doenças crônicas, estudos de coorte de nascimentos são cada vez mais importantes. Este artigo descreve a metodologia do estudo de coorte de nascidos em Pelotas, em 1982, um dos maiores e mais longos estudos de coorte em países em desenvolvimento. Todos os 5.914 nascimentos hospitalares (mais de 99% de todos os nascimentos) ocorridos em 1982 foram estudados prospectivamente. As principais fases do estudo foram realizadas em 1983, 1984, 1986, 1995, 1997, 2000 e 2001. Mais de duas mil variáveis estão disponíveis para sujeitos incluídos em todas as fases do estudo. As fases recentes incluíram o exame de 2.250 homens durante o exame médico de Alistamento Militar no ano 2000, o estudo de uma subamostra de ambos os sexos em 2001, e o estudo de mais de 400 crianças nascidas para as mulheres da coorte. As taxas de seguimento nas fases recentes do estudo foram de 78,9% para os recrutas e de 69,0% na visita domiciliar de 2001. Diversos estudos complementares foram realizados em subamostras, inclusive investigações etnográficas e de saúde bucal. Sugestões metodológicas para novos estudos de coorte, baseados na experiência adquirida, são propostos.
Given the growing recognition of the importance of the life course approach for the determination of chronic diseases, birth cohort studies are becoming increasingly important. This paper describes the methods used in the 1982 Pelotas (Brazil) birth cohort study, one of the largest and longest studies of this type in developing countries. All 5,914 hospital births occurring in Pelotas in 1982 (over 99% of all deliveries) were studied prospectively. The main stages of the study took place in 1983, 1984, 1986, 1995, 1997, 2000, and 2001. More than two thousand variables are available for each subject who participated in all stages of the study. Recent phases of the study included the examination of 2,250 males when presenting for the army recruitment exam in 2000, the study of a 27% sample of men and women in 2001 through household visits, and the study of over 400 children born to the cohort women. Follow-up rates in the recent stages of the cohort were 78.9% for the army examination and 69.0% for the household visits. Ethnographic and oral health studies were conducted in sub-samples. Some recent results on blood pressure, adolescent pregnancy, and asthma are presented as examples of utilization of the data. Suggestions on lessons learned for other cohort studies are proposed.