OBJETIVOS: estimar o sub-registro da violência doméstica em um serviço de atenção a adolescentes (10 a 19 anos) no Recife/PE, Brasil, comparando as prevalências a partir dos prontuários clínicos e de busca ativa de casos no último ano e caracterizar a vítima e fatores de risco associados em eventos ocorridos na vida. MÉTODOS: corte transversal com 333 adolescentes atendidos entre fevereiro e maio de 2004, com questionário semi-estruturado contendo variáveis sobre situação e tipo de violência; idade, sexo, ocupação, escolaridade, religião, uso de drogas, estado civil, renda familiar e tipo da família. Para avaliar a associação foram utilizados testes de qui-quadrado de Pearson e regressão logística através dos programas Epi-info 6.04 e SPSS. RESULTADOS: dos adolescentes entrevistados, 41,4% referiram violência, registrada em apenas 1,8% dos prontuários. Violência física e a psicológica/moral foi referida por 66,7%, cada e a sexual, por 17,7%. Umterço dos adolescentes referiu agressões repetidas, desde a infância (20%). Pai e padrasto apareceram como principais agressores nos dois sexos; seguidos pelo parceiro da adolescente. Os fatores associados foram: ausência de ocupação, baixa escolaridade e uso de drogas (p<0.05). CONCLUSÕES: embora a prevalência de violência nos adolescentes entrevistados seja alta, observou-se escasso registro nos prontuários clínicos, denotando sub-registro importante. Os fatores associados identificados refletem condições gerais de vida insatisfatórias.
OBJECTIVE: to estimate the under-reporting of domestic violence at a health service for adolescents (aged 10 - 19 years) in Recife, Brazil, comparing prevalences based on medical records and active investigation of cases in the past year and characterizing the victims and risk factors associated with life events. METHODS: a cross-sectional study was carried out with 333 adolescents attended between February and May 2004, using semi-structured questionnaires covering variables relating to the location and type of abuse, age, sex, occupation, level of education, religion, drug-use, marital status, household income, and family type. Pearson's chi-square test and logistic regression were used to assess the degree of association, using the Epi-info 6.04 and SPSS software packages. RESULTS: of the adolescents interviewed, 41.4% reported abuse although only 1.8% had this registered in medical records. Physical and psychological abuse were reported by 66.7% for each, and sexual violence by 17.7%. A third of the adolescents reported repeated abuse since childhood (20%). Fathers and step-fathers were the main perpetrators of abuse against both sexes, followed by intimate partners. Factors associate with abuse were: unemployment, low level of education and druguse (p<0.05). CONCLUSION: although the prevalence of abuse in the adolescents interviewed was high, it is poorly registered in medical records, suggesting that it is substantially under-reported. The factors identified as being associ ated with abuse reflect generally unsatisfactory living conditions.