São apresentados diversos aspectos epidemiológicos da poliomielite na Capital de São Paulo (Brasil). De sua análise resultaram algumas conclusões de importância para a manutenção do controle dessa doença em nosso meio. Verificou-se a absoluta necessidade de se manter continuamente a cobertura vacinal da população infantil, pois a diminuição de intensidade na aplicação da vacina Sabin poderá trazer o imediato recrudescimento da doença entre nós. Após um período de 4 anos de controle efetivo sobre a poliomielite, no qual ocorreram, em média, 58 casos de doença paralítica por ano, foram registrados no ano de 1971 195 casos. A situação somente voltou a ser efetivamente controlada no segundo semestre de 1975, quando os programas de imunização foram novamente incrementados. O estudo mostrou que a poliomielite continua apresentando entre nós as clássicas feições da paralisia infantil, ocorrendo cerca de 75% dos casos nos dois primeiros anos de vida das crianças. Este fato, juntamente com a evidência de que o poliovírus do tipo 1 continua prevalecendo em nosso meio, tendo causado a grande maioria dos casos de doença paralitica nos últimos anos, indica que a epidemiologia da virose ainda não foi essencialmente alterada pelos programas de vacinação. Verificou-se, que a vacinação Sabin tem sido menos eficiente em nosso meio do que nos países altamente desenvolvidos e de clima temperado, devido à interferência de uma série de fatores epidemiológicos e operacionais. No período de 1970 a 1977 8,9% dos pacientes investigados tinha recebido, no passado, 3 e 4 e mais doses de vacina oral trivalente e 43,3% tinha tomado pelo menos uma dose de vacina oral. Recomenda-se às autoridades sanitárias que o número de doses de vacina da série básica de imunização contra a poliomielite seja aumentado de três para cinco, com a finalidade de se compensar as falhas que ocorrem na prática da vacinação oral e de se poder superar o efeito antagônico dos fatores epidemiológicos desfavoráveis no controle de poliomielite em nosso meio.
Several epidemiological aspects of poliomyelitis in the city of S. Paulo (Brazil) are discussed and related to measures that must be taken to maintain control of this disease. Results show the need of continued vaccination of the whole infant population, because a decrease in vaccination may permit an upraise of the disease. During four years of tight control, 58 new cases were registered per year. After that, in 1971, 195 cases appeared. Only in the second half of 1975, when immunization programs were again improved, was the situation controlled. This study shows that poliomyelitis still acts in the classical mode in that about 75% of the cases occur in children two years old or under. This, plus evidence that type 1 poliovirus is the type prevalent in S. Paulo, strengthens the idea that the epidemiology of this viral illness has not been essentially changed by the vaccination programs. Another finding is that the Sabin vaccine has been less efficient in our environment than in developed countries with temperate climates. This is due to epidemiological factors and operational conditions. In 1970-1977, 8.9% of the cases had received three, four, or more doses of the trivalent oral vaccine, and 43.3% had received at least one dose of the oral vaccine. The recommendation is herewith made that the number of doses of the basic series for immunization against poliomyelitis be increased from three to five in order to counterbalance mishaps in the act of oral vaccination and our environment's difficulties related with the epidemiology of the disease.