OBJETIVO: A dieta cetogênica é empregada como uma terapia alternativa para o tratamento da epilepsia em pacientes com epilepsia refratária e simula as alterações bioquímicas de jejum. Neste trabalho, verificouse o impacto nutricional da dieta cetogênica em crianças com epilepsia refratária. MÉTODOS: Os dados sobre o estado nutricional (bioquímica, alimentar e medidas antropométricas), a frequência de crises e os eventos adversos de crianças acompanhadas durante 36 meses foram coletados de prontuários médicos e visitas ambulatoriais. RESULTADOS: Vinte e nove crianças iniciaram o tratamento; após um mês, 75,8% apresentaram redução das crises. Em seis meses, 48,3% dos pacientes tiveram pelo menos 90,0% de redução na frequência de crises, e, desses, 50,0% obtiveram o controle completo das crises. Aos doze meses, oito pacientes continuaram a apresentar Resultados positivos, e, desses, sete permaneceram em dieta cetogênica durante 24 meses. Observouse melhora do estado nutricional aos 24 meses de tratamento, especialmente em termos de peso, o que indica a recuperação da condição peso para altura. Não houve mudanças significativas nos índices bioquímicos analisados (colesterol total e de componentes, triglicerídeos, albumina, proteína total, creatinina, glicemia, transaminase glutâmico oxalacética sérica e transaminase glutâmico pirúvico sérica). Os níveis de colesterol aumentaram significativamente no primeiro mês, mas diminuíram nos seis meses seguintes e, posteriormente, se mantiveram dentro dos valores de referência. CONCLUSÃO: Os pacientes em uso da dieta cetogênica clássica por pelo menos 24 meses apresentaram melhora de peso e cerca de um terço dos pacientes conseguiu uma redução significativa da frequência de crises, com alguns pacientes completamente livres delas.
OBJECTIVE:The ketogenic diet is used as a therapeutic alternative for the treatment of epilepsy in patients with refractory epilepsy. It simulates biochemical changes typical of fasting. The present study verified the nutritional impact of the ketogenic diet on children with refractory epilepsy. METHODS: Nutritional status data (dietary, biochemical and anthropometric measurements), seizure frequency, and adverse events were collected from the medical records and during outpatient clinic visits of children over a period of 36 months. RESULTS: Of the 29 children who initiated the ketogenic diet, 75.8% presented fewer seizures after one month of treatment. After six months, 48.3% of the patients had at least a 90.0% decrease in seizure frequency, and 50.0% of these patients presented total seizure remission. At 12 months, eight patients continued to show positive results, and seven of these children remained on the ketogenic diet for 24 months. There was an improvement of the nutritional status at 24 months, especially in terms of weight, which culminated with the recovery of proper weightforheight. There were no significant changes in biochemical indices (total cholesterol and components, triglycerides, albumin, total protein, creatinine, glycemia, serum aspartate transaminase and serum alanine transaminase). Serum cholesterol levels increased significantly in the first month, fell in the following six months, and remained within the normal limits thereafter. CONCLUSION: In conclusion, patients on the classic ketogenic diet for at least 24 months gained weight. Moreover, approximately one third of the patients achieved significant reduction in seizure frequency, and some patients achieved total remission.