RESUMO Objetivo Caracterizar pacientes com acidente vascular cerebral (AVC), verificar a prevalência de distúrbios de comunicação oral relacionados e a frequência de encaminhamento para reabilitação fonoaudiológica. Métodos Estudo retrospectivo dos prontuários de 95 pacientes internados por AVC, entre junho de 2007 e junho de 2008, em hospital público da região metropolitana de Porto Alegre. Resultados Dos 95 pacientes, 51 (53,7%) eram do sexo masculino, com média de idade de 59,8 anos; 48 (59,3%) apresentavam histórico de hipertensão arterial; 82 (86,3%) apresentaram AVC tipo isquêmico e 53 (55,8%), distúrbios de comunicação oral. O tempo médio de internação foi de cinco dias. Não houve relação significativa entre o tipo de AVC e distúrbio de comunicação oral, tampouco entre o local da lesão neurológica decorrente do AVC e a ocorrência de distúrbio de comunicação oral. Nenhum dos sujeitos recebeu indicação de avaliação ou tratamento fonoaudiológico durante a internação ou na alta. Conclusão Mais de 50% dos indivíduos acometidos por AVC apresentam distúrbios de comunicação oral durante o período de internação hospitalar. Não houve nenhuma indicação ou solicitação de atendimento fonoaudiológico neste período, tampouco em encaminhamento para atendimento após a alta hospitalar. Estes achados indicam provável falha da inserção fonoaudiológica em equipes que atendem pacientes acometidos por doenças neurológicas, sendo necessário avaliar mais profundamente se isto ocorre devido à ausência do fonoaudiólogo na equipe, ou ao pouco conhecimento dos profissionais sobre a atuação fonoaudiológica junto aos distúrbios de comunicação oral decorrentes de AVC.
ABSTRACT Purpose To characterize patients with stroke and to establish the prevalence of oral communication disorders (CD) related by cerebrovascular accident (CVA) and the frequency of indication or request of speech therapy. Methods A retrospective cross-sectional study from the medical report forms of 95 patients hospitalized for stroke between June 2007 and June 2008 in a regional public hospital. Results Out of the 95 patients, 51 (53.7%) were male (mean age was 59.8 years old), 48 (59.3%) had a history of hypertension, 82 (86.3%) had ischaemic stroke and CD were present in 53 (55.8%) of patients. The mean hospital stay was 5 days. There was no significant relationship between the type of stroke and CD, or between the site of neurological damage due to stroke and the occurrence of CD. None of the subjects received an evaluation or speech-language therapy during hospitalization, and there were no referrals to healthcare after discharge. Conclusion More than 50% of individuals affected by stroke had oral communication disorders during the hospitalization. There was no any indication or request for speech therapy in this period, even after discharge. These findings indicate a probable failure to integrate with the speech therapy staff for the treatment of patients with neurological diseases. It is necessary to further evaluate whether this is due absence of speech therapists in the team or just healthcare professionals lacking knowledge about the possibilities of speech therapy along with disturbances in oral communication due to stroke.