OBJETIVO: Verificar a associação entre relato de sibilância em crianças e adolescentes e o local de residência em relação à dispersão dos poluentes atmosféricos emitidos pelo Pólo Petroquímico (PPQ) de Guamaré (RN). MÉTODOS: Estudo transversal de relato de sibilância em crianças e adolescentes de 0 a 14 anos de idade, residentes no entorno do PPQ de Guamaré, em 2006. Foi utilizado o questionário padronizado do International Study of Asthma and Allergies in Childhood, acrescido de questões relativas ao tabagismo, renda, moradia e escolaridade. Concentrações diárias de PM10, PM2,5, carbono grafítico, SO2, NO2, O3, benzeno, tolueno e xilenos foram medidas em uma estação de monitoramento fixa. As comunidades residentes na área de influência das emissões do PPQ foram classificadas, segundo a direção preferencial dos ventos, em expostas e de referência. RESULTADOS: Participaram do estudo 209 crianças e adolescentes. As concentrações médias diárias dos poluentes monitorados mantiveram-se abaixo dos limites estabelecidos nos padrões de qualidade do ar. A prevalência de sibilos nos últimos 12 meses foi de 27,3%. Associações estatisticamente significantes com sibilos nos últimos 12 meses foram verificadas mesmo após ajustamentos para comunidades expostas [razão de chances (odds ratio, ORajust) = 2,01; intervalo de confiança de 95% (IC95%) 1,01-4,01], gênero masculino (ORajust = 2,50; IC95% 1,21-5,18) e idade de 0 a 6 anos (ORajust = 5,00; IC95% 2,41-10,39). CONCLUSÃO: Mesmo em baixas concentrações de poluentes atmosféricos, a ocorrência de sintomas respiratórios em crianças e adolescentes nas comunidades no entorno de um PPQ esteve associada a residência na direção preferencial dos ventos, mostrando-se mais vulnerável o grupo de pré-escolares do gênero masculino.
OBJECTIVE: To examine the association between wheezing in children and adolescents and living downwind of the dispersion plume of atmospheric pollutants emitted by the Guamaré Petrochemical Complex, in the state of Rio Grande do Norte, Brazil. METHODS: Cross-sectional study of wheezing in children and adolescents (aged 0 to 14 years) living in the vicinity of the Guamaré petrochemical complex in 2006. The standardized International Study of Asthma and Allergies in Childhood questionnaire was used, with additional questions concerning tobacco use, income, living conditions, and educational achievement. Daily concentrations of PM10, PM2.5, black carbon, SO2, NO2, O3, benzene, toluene, and xylenes were measured at a fixed monitoring station. According to their position relative to wind direction, communities present in the area affected by plant emissions were categorized into one of two groups, exposed communities and reference communities. RESULTS: Two hundred and nine children and adolescents took part in the study. Mean daily concentrations of the monitored pollutants were consistently below established acceptable upper limits. The prevalence of wheezing in the 12 months prior to study was 27.3%. After adjustment, statistically significant associations were found between wheezing and living in exposed communities (adjusted odds ratio [ORadj] 2.01; 95% confidence interval [95%CI] 1.01-4.01), male gender (ORadj 2.50; 95%CI 1.21-5.18), and age 0 to 6 years (ORadj 5.00; 95%CI 2.41-10.39). CONCLUSION: Even with low levels of atmospheric pollutants, respiratory symptoms in children and adolescents were associated with living downwind of a petrochemical plant. Male preschoolers were the most vulnerable group.