Resumo Pacientes com probabilidade intermediária de doença coronariana são um desafio diagnóstico e é justamente nessa população onde o grau de incerteza é maior que os testes diagnósticos têm sua maior aplicabilidade. Entretanto, de acordo com a definição vigente, submeter uma população com probabilidade de doença entre 10 e 90% pode gerar exames desnecessários e resultados equivocados. Conhecer as características de cada teste, assim como riscos e benefícios do tratamento medicamentoso para doença coronariana e conjugar essas informações através dos limiares de diagnóstico trazem uma nova perspectiva à tomada de decisão. Objetivos: Revisar a origem dos conceitos atualmente preconizados de probabilidade intermediária e determinar os limiares de diagnóstico e tratamento dos testes não invasivos e, com base neles, propor um novo conceito de probabilidade intermediária de doença coronariana. Através da revisão bibliográfica foram extraídas metanálises nas quais dados de sensibilidade, especificidade, razão de verossimilhança positiva e negativa, riscos e benefícios dos testes e tratamento foram fornecidos. Utilizando-se algoritmo desenvolvido por Pauker e colaboradores foi possível obter os limiares de diagnóstico e tratamento ajustados para cada exame em questão. O conceito de probabilidade intermediária de doença coronariana é bastante amplo, variando, conforme os autores, entre 10 e 90%, 1 e 92%, 15 e 85%, com racionalidade distinta. Contemplando-se o poder discriminatório de cada exame, riscos dos testes, riscos e benefícios do tratamento, os limiares de diagnóstico e tratamento foram definidos para teste ergométrico (22-58%), eco-stress (10-72), cintilografia miocárdica (12-80%), ressonância nuclear magnética (16-80%) e angiotomografia de coronárias (6,7-81%). A decisão quanto à submissão aos testes diagnósticos deve ser individualizada, levando-se em consideração os limiares de diagnóstico e tratamento de cada método em questão.
Abstract Patients with intermediate probability of coronary disease are a diagnostic challenge and it is precisely in this population where the degree of uncertainty is greater that the diagnostic tests have their greater applicability. However, according to the current definition, subjecting to tests a population with a disease probability between 10 and 90% can generate unnecessary tests and misleading results. Knowing the characteristics of each test, as well as risks and benefits of drug treatment for coronary disease and combining this information through diagnostic thresholds brings a new perspective to decision making. To review the origin of the currently recommended concepts of intermediate probability and to determine the thresholds for diagnosis and treatment of noninvasive tests and, based on them, propose a new concept of intermediate probability of coronary disease. Through the bibliographic review, meta-analyses were extracted in which data of sensitivity, specificity, positive and negative likelihood ratio, risks and benefits of the tests and treatment were provided. Using an algorithm developed by Pauker et al. it was possible to obtain the diagnostic and treatment thresholds adjusted for each tests in question. The concept of intermediate probability of coronary disease is quite broad, ranging, according to the authors, between 10 and 90%, 1 and 92%, 15 and 85%, with different rationale. Considering the discriminatory power of each test, risks and treatment benefits, the diagnostic and treatment thresholds were defined for exercise testing (22-58%), eco-stress (10-72%), myocardial scintigraphy (12-80%), nuclear magnetic resonance (16-80%) and coronary angiotomography (6.7-81%). The decision to submit to diagnostic tests should be individualized, taking into account the diagnostic and treatment thresholds of each method in question.