Geografia da Fome revela a associação harmoniosa da capacidade de argumentar com a segurança científica, um novo modo de pensar e de agir frente à realidade alimentar e nutricional e também uma abordagem pioneira no dimensionamento da fome coletiva como um fenômeno geograficamente universal. Admitiu, com base nas especificidades regionais, que as contribuições parciais poderiam compor um mapeamento caracterizador da universalidade do problema, permitindo construir uma imagem diferente do Brasil e do mundo, possibilitando a estruturação de um plano universal de combate à fome, abrindo novos caminhos para aqueles que buscam a correção de desequilíbrios regionais e a eliminação do subdesenvolvimento. Nesse livro-manifesto, Josué de Castro reinterpretou o papel da geografia clássica, incorporando uma das dimensões explicativas mais importantes, que é a da análise política, para desvendar a significação e conseqüências do desenvolvimento espacial desigual. A releitura de Geografia da Fome mostra que seus delineamentos conceituais e propositivos continuam vivos e constituem instrumentos indispensáveis para repensar criticamente a realidade brasileira e, em particular, a nordestina. Geografia da Fome, no seu cinqüentenário, torna-se um livro atual pela sua mensagem estimuladora e perturbadora.
The Geography of Hunger, now the target of reflective reading 50 years after it was first published, shows the author' elegant combination of argumentative skill and scientific confidence. Josué de Castro's provocative focus is both a new way of thinking and acting towards the food and nutritional situation in Brazil and a pioneering approach to the issue of collective hunger as a geographically universal phenomenon. Based on regional specificities, the book admits that partial contributions may help establish a characteristic map of the problem's universal nature, thus helping build a different image of Brazil and the world and opening up the possibility of constructing a universal plan to combat hunger and new perspectives for those seeking to correct regional differences and overcome underdevelopment. In this book, which is also a manifesto, Josué de Castro reinterprets the role of classical geography, taking into account one of the most important explanatory dimensions, i.e., political analysis, to unveil the significance and consequences of uneven spatial development. The concepts and proposals raised by The Geography of Hunger are alive and provide essential tools for critically rethinking Brazilian reality, particularly that of the Northeast. On its fiftieth anniversary, The Geography of Hunger is more current than ever because of stimulating and disturbing message.