OBJETIVO: Estimar a prevalência de consumo de álcool e do alcoolismo entre estudantes adolescentes trabalhadores e não trabalhadores. MÉTODOS: Estudo transversal, realizado por amostragem estratificada sistemática, composta por 993 adolescentes trabalhadores e 1.725 não-trabalhadores. Foram incluídos os estudantes matriculados em 1998, na rede estadual de ensino de Cuiabá, MT. Aplicou-se, em sala de aula, um questionário de auto-preenchimento anônimo. Utilizou-se as análises univariada, bivariada e regressão logística. RESULTADOS: Verificaram-se prevalências de 71,3% para o consumo de álcool e 13,4% para alcoolismo na amostra total, sendo maior entre os estudantes trabalhadores (81,0% e 14,9%) comparativamente aos não-trabalhadores (65,8% e 12,6%). Além da associação do uso de álcool com o trabalho, observou-se tanto semelhanças quanto diferenças entre os dois grupos. O alcoolismo não está associado ao trabalho, mas ao sexo masculino (RO=1,61; IC 95%: 1,18-2,19) e história de álcool na família tanto entre os não-trabalhadores (RO=2,19; IC 95%: 1,60-2,99) quanto entre trabalhadores (RO=2,10; IC 95%: 1,42-3,12). CONCLUSÕES: Os resultados indicam alta prevalência de consumo de álcool e alcoolismo, sendo maior entre os adolescentes trabalhadores. Os fatores sociodemográficos, familiares e relacionados a trabalho devem ser considerados na implementação de ações educativas nessa população, visando a mudanças de comportamento relacionadas ao consumo de álcool.
OBJECTIVE: To estimate the prevalence of alcohol consumption and alcoholism among working and non-working adolescents. METHODS: Cross-sectional study with a systematic, stratified sample 993 working adolescents and 1,725 non-working adolescents. The study included students enrolled in 1998 in the state public network schools of a city in Center-Western Brazil. An anonymous, self-administered questionnaire was completed by subjects in the classroom. Univariate and bivariate analyses and logistic regression were used. RESULTS: We found prevalences of 71.3% for alcohol consumption and 13.4% for alcoholism in the total sample, and higher prevalences among working students (81.0% and 14.9%) than among non-workers (65.8% and 12.6%). In addition to the association between alcohol use and work, we found both differences and similarities between the two groups. Alcoholism is not associated with work but is associated with male sex (OR=1.61; 95% CI: 1.18-2.19) and family history of alcohol use among both non-workers (OR=2.19; 95% CI: 1.60-2.99) and workers (OR=2.10; 95% CI: 1.42-3.12). CONCLUSIONS: The results of the present study indicate a high prevalence of alcohol consumption and alcoholism, which is higher among working adolescents. Sociodemographic, family, and work-related factors must be considered when attempting to implement educational measures aimed at changing alcohol-related behaviors in this population.