OBJETIVO: Avaliar a violência física entre parceiros íntimos durante a gestação como fator de risco independente para a má qualidade da assistência pré-natal. MÉTODOS: Estudo transversal realizado em três maternidades públicas do município do Rio de Janeiro, RJ. As 528 puérperas incluídas no estudo foram selecionadas em processo de amostragem aleatória simples dentre o conjunto de nascidos vivos a termo em 2000. As informações sobre a assistência pré-natal foram obtidas a partir do cartão da gestante e por meio de entrevistas face a face. Para a avaliação da qualidade da assistência pré-natal utilizou-se o índice de Kotelchuck. Para a identificação das situações de violência, foi utilizada a versão brasileira do instrumento Revised Conflict Tactics Scales. Utilizou-se a regressão logística não condicional para avaliar o efeito da exposição, após controle de variáveis de confusão. RESULTADOS: Mesmo após o ajuste por variáveis socioeconômicas, demográficas, reprodutivas e relativas aos hábitos de vida do casal, a violência física entre parceiros íntimos durante a gestação permaneceu associada à má qualidade da assistência pré-natal. Mulheres que relataram ter sido vítimas de abuso físico durante a gestação possuíam 2,2 vezes mais chance de apresentar uma assistência pré-natal inadequada do que as sem história de violência física. CONCLUSÕES: Os resultados indicam a necessidade do rastreamento de situações de conflito familiar desde o início do pré-natal visando o seu enfrentamento e uma maior adesão das gestantes vitimizadas ao acompanhamento.
OBJECTIVE: To evaluate physical intimate partner violence during gestation as an independent risk factor for low quality of prenatal care. METHODS: A cross-sectional study was carried out at three public maternity wards of the municipality of Rio de Janeiro (Southeastern Brazil). The 528 puerperal women included in the study were selected by simple random sampling from all babies born at term in 2000. Prenatal care information was collected through the pregnant woman's card and face-to-face interviews. The Kotelchuck index was employed to assess the quality of prenatal care. In order to identify violence situations, the Brazilian version of the instrument Revised Conflict Tactics Scales was used. Non-conditional logistic regression was used to assess the effect of exposure, after controlling for confounding variables. RESULTS: Even after adjustment for socioeconomic, demographic, reproductive, and couple's lifestyle variables, physical intimate partner violence during gestation remained associated with low quality of prenatal care. Women exposed to physical violence during gestation had 2.2 times more chance of presenting inadequate prenatal care compared to those without history of physical violence. CONCLUSIONS: These findings point to the need of identifying family conflict situations since the beginning of prenatal care in order to address the issue and enable higher adherence to follow-up among victimized pregnant women.
OBJETIVO: Evaluar la violencia física entre parejas íntimas durante la gestación como factor de riesgo independiente para la mala calidad de la asistencia prenatal. MÉTODOS: Estudio transversal realizado en tres maternidades públicas del municipio de Rio de Janeiro, Sureste de Brasil. Las 528 puérperas incluidas en el estudio fueron seleccionadas en proceso de muestreo aleatorio simple entre un conjunto de nacidos vivos a término en 2000. Las informaciones sobre la asistencia prenatal fueron obtenidas a partir de la tarjeta de la gestante y por medio de entrevistas cara a cara. Para la evaluación de la calidad de la asistencia prenatal se utilizó el índice de Kotelchuck. Para la identificación de las situaciones de violencia, fue utilizada la versión brasilera del instrumento Revised Conflict Tactics Scales. Se utilizó la regresión logística no condicional para evaluar el efecto de la exposición, posterior al control de las variables de confusión. RESULTADOS: Aún después del ajuste por variables socioeconómicas, demográficas, reproductivas y relativas a los hábitos de vida de la pareja, la violencia física entre parejas íntimas durante la gestación permaneció asociada a la mala calidad de la asistencia prenatal. Mujeres que relataron haber sido víctimas de abuso físico durante la gestación poseían 2,2 veces más chance de presentar una asistencia prenatal inadecuada en comparación con aquellas sin historia de violencia física. CONCLUSIONES: Los resultados indican la necesidad del rastreo de situaciones de conflicto familiar desde el inicio del prenatal buscando su enfrentamiento y una mayor adhesión de las gestantes victimizadas al acompañamiento.