Resumo Neste artigo propomos uma reflexão acerca das transformações operadas na proteção social brasileira, em que pesem avanços e desafios da interlocução do Programa Bolsa Família com a saúde. Para tal, explora-se a dimensão simbólica dos discursos de beneficiários e gestores do Programa Bolsa Família, além de trabalhadores da atenção primária. O artigo tem como base um estudo de caso de abordagem qualitativa desenvolvido em um município da região sudoeste da Bahia, em 2015, por meio de 26 entrevistas e três grupos focais (29 participantes). As falas materializam avanços do Programa Bolsa Família no enfrentamento da pobreza, sobretudo em situações de penúria material, além de efeitos no reconhecimento social e na dignidade de mulheres beneficiárias. Constataram-se limites em aprimorar a dimensão estruturante do programa via sua interlocução com o setor saúde. Estigmas e incompreensões ligados ao Programa Bolsa Família permeiam as relações entre beneficiários e trabalhadores da atenção primária à saúde. Tais questões limitam a assunção de vulnerabilidades vividas cotidianamente pelas famílias do Programa Bolsa Família como determinantes do processo de trabalho na atenção primária à saúde, ainda restrito ao acompanhamento de condicionalidades da saúde.
Abstract In this article we propose a reflection regarding the transformations that occurred in Brazilian social protection, in spite of the advances and challenges of the dialogue between health and the Family Support Grant Program. In order to do so, we explored the symbolic dimension of the discourses of the beneficiaries and managers of the Family Support Grant Program, as well as of the primary health care workers. The article is based on a case study with a qualitative approach conducted in a municipality in the Southwestern region of the state of Bahia, Brazil, in 2015, through 26 interviews and three focus groups (29 participants). The statements described the advances of the Family Support Grant Program in fighting poverty, especially in situations of material poverty, as well as the effects on social recognition and dignity of the female beneficiaries. We verified limits to improve the structuring dimension of the program via its dialogue with the health sector. Stigmas and incomprehension connected to the Family Support Grant Program permeate the relationships between beneficiaries and primary health care workers. These issues hinder the acceptance of the vulnerabilities experienced on a daily basis by the families of the Family Support Grant Program as determinants of the work process in primary health care, which is still restricted to the follow-up of health conditionalities.
Resumen En este artículo proponemos una reflexión sobre las transformaciones operadas en la protección social brasileña, a pesar de los progresos y retos de la interlocución del Programa de Subvención a la Familia con la salud. Para eso, se explora la dimensión simbólica de los discursos de los beneficiarios y gestores del Programa de Subvención a la Familia, y la de los trabajadores de la atención primaria. El artículo está basado en un estudio de caso de abordaje cualitativo desarrollado en un municipio de la región Suroeste del estado de Bahía, Brasil, en 2015, por medio de 26 entrevistas y tres grupos focales (29 participantes). Las declaraciones materializan los progresos del Programa de Subvención a la Familia en la lucha contra la pobreza, sobretodo en situaciones de penuria material, más allá de los efectos en el reconocimiento social y en la dignidad de las mujeres beneficiarias. Se constataron límites para mejorar la dimensión estructurante del programa por medio de su interlocución con el sector de salud. Estigmas e incomprensiones relacionadas al Programa de Subvención a la Familia permean las relaciones entre beneficiarios y trabajadores de la atención primaria de salud. Esas cuestiones limitan la asunción de las vulnerabilidades vividas cotidianamente por las familias del Programa de Subvención a la Familia como determinantes del proceso de trabajo en la atención primaria de salud, aún restringido al seguimiento de condicionalidades de la salud.