INTRODUÇÃO: As taxas de detecção e prevalência de hanseníase não são suficientes para mostrar a real magnitude de mudanças nos padrões epidemiológicos da doença. OBJETIVOS: Avaliar a aplicabilidade e utilidade da medida de proporção de casos de hanseníase com lesão única de pele como potencial indicador de avaliação do progresso da eliminação da hanseníase em áreas hiperendêmicas. METODOLOGIA: Estudo retrospectivo baseado na análise de dados secundários de casos novos de hanseníase notificados entre 1997 e 2002 na cidade de Palmas, estado de Tocantins, Brasil. Os registros de pacientes com lesão única foram comparados àqueles registrados com mais de uma lesão. Odds ratio foi utilizado como medida de associação. RESULTADOS: De um total de 1.303 casos novos de hanseníase notificados, 481 (36,9%) apresentavam lesão única de pele. Verificou-se tendência de incremento na proporção de casos de casos novos diagnosticados com lesão única variando de 20,3% em 1999 para 49,1% em 2002 (p < 0,001), simultaneamente à redução do registro de número de casos novos após 1999. Maior proporção de pacientes com lesão única de pele foi verificada em pacientes do sexo feminino, menores de 15 anos, paucibacilares nas formas clínicas tuberculóide e indeterminada, com baciloscopia negativa, com lesões do tipo mácula, sem incapacidades físicas e diagnosticados em unidades básicas de saúde. CONCLUSÕES: Os resultados confirmam que a proporção de pacientes com lesão única de pele pode ser utilizada como indicador na avaliação do progresso da eliminação da hanseníase em áreas hiperendêmicas.
INTRODUCTION: Prevalence and detection rates of leprosy are not sufficient to show the real magnitude of changes in epidemiological patterns. OBJECTIVES: Evaluate the feasibility and usefulness of the proportion of new leprosy patients with a single skin lesion (SSL) as a potential indicator of the elimination of leprosy. METHODS: We conducted a retrospective study based on secondary data analyzing newly reported cases of leprosy between 1997 and 2002, in the city of Palmas, Tocantins, Brazil. Patients with a single lesion were compared to remaining patients, and the odds ratio was used as measure of association. RESULTS: Out of the 1,303 new cases of leprosy, 481 (36.9%) had a SSL. An increasing time-trend was observed in the proportion of new cases detected with a single lesion, which grew from 20.3% in 1999 to 49.1% in 2002 (linear trend p<.001) while a reduction in the number of new cases was observed simultaneously after 1999. The proportion of patients with a single lesion was higher in women, young age, paucibacillary, tuberculoid and indeterminate clinical forms, residents of urban areas, those with negative baciloscopy, with macular lesions, without physical disabilities, and mainly detected in primary health care units. CONCLUSIONS: These findings confirm that the proportion of patients with a SSL can be used as a sensitive and feasible indicator to assess the progress of the elimination of leprosy in hyperendemic areas.