A violência entre irmãos é uma das formas mais comuns de violência familiar. Este estudo pretendeu caracterizar este problema em Portugal, numa amostra de 588 estudantes universitários. Os diferentes tipos de violência (física, psicológica e sexual) foram avaliados com as "Revised Conflict Tactics Scales - Sibling Version". Procedeu-se a análises descritivas exploratórias das distribuições das principais variáveis, recorreu-se ao teste do χ2 e a análises de covariância múltipla. Os resultados indicaram que a violência entre irmãos é muito frequente no início da adolescência; os rapazes perpetraram significativamente mais atos de violência física (p <0,001) e sexual (p <0,05) do que as raparigas, mas foram também, física (p <0,001) e sexualmente (p <0,05), mais vitimizados. Também as díades masculinas apresentaram níveis de violência física e sexual significativamente superiores aos de todas as outras díades, indicando claramente a reciprocidade do fenómeno. Os resultados foram discutidos segundo perspetivas de 'normalização de agressões' (dissonância cognitiva; Hardy, Beers, Burguess, & Taylor, 2010) e do 'ciclo de violência', as quais explicam a manutenção de comportamentos abusivos entre irmãos e a sua possível transferência para outras relações.
Sibling violence is one of the most common forms of family violence. This study aimed to characterize this issue in Portugal, among a sample of 588 undergraduates. The different types of victimization (physical, psychological and sexual) were assessed through the "Revised Conflict Tactics Scale - Sibling Version". Descriptive exploratory analyses of the main variables, χ2 test, and multiple analyses of covariance were conducted. The results indicated that sibling violence is more frequent during early adolescence; boys committed significantly more physical (p <.001) and sexual (p <.05) violent acts than girls, but they were also significantly more victimized than girls, both physically (p <.001) and sexually (p <.05). Also, the male dyads showed significantly higher levels of physical and sexual violence than all other dyads, indicating clearly the reciprocal phenomenon. The results are discussed according to 'normalization of aggression' and 'cycle of violence' perspectives, which both help to understand the perpetration of abusive behaviors among siblings, as well as their occasional transfer to other relationships.