Resumo: Sabe-se que a implementação bem-sucedida de um programa depende do conhecimento e da participação dos profissionais que trabalham na ponta, além da capacidade organizacional das instituições envolvidas. No entanto, ainda sabemos pouco sobre o envolvimento desses profissionais na implementação do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). O artigo desenvolve uma abordagem de métodos mistos de tipo contingente para explorar as percepções dos profissionais de saúde na ponta - gestores locais, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e médicos - sobre o segundo ciclo do PMAQ, além de relacionar essas percepções às avaliações a respeito da capacidade organizacional da unidade de saúde. O estudo é orientado por três conceitos inter-relacionados e relevantes da teoria da implementação: conhecimento das políticas, participação e capacidade organizacional. Cento e vinte e sete profissionais de saúde de 12 unidades de atenção primária em Goiânia, Goiás, Brasil, responderam questionários semiestruturados, buscando coletar dados sobre os motivos pela adesão, formas de participação, impacto percebido (perguntas abertas) e avaliação da capacidade organizacional (pontuações de 0 a 10). As análises de conteúdo dos dados qualitativos permitiram categorizar as variáveis “nível percebido de impacto do PMAQ” e “motivos pela adesão ao PMAQ”. Os cálculos e agregação da média das pontuações para capacidade organizacional permitiram classificar os diferentes níveis dessa capacidade. Finalmente, foram integradas as duas variáveis (Impacto Percebido e Capacidade Organizacional) através da tabulação cruzada e da narrativa. Os resultados mostram que os enfermeiros são o principal tipo de profissional que participa no programa. A baixa capacidade organizacional e o conhecimento limitado da política afetaram a participação dos professionais de saúde e suas percepções em relação ao PMAQ.
Abstract: Although it is well known that a successful implementation depends on the front-liners’ knowledge and participation, as well as on the organizational capacity of the institutions involved, we still know little about how front-line health workers have been involved in the implementation of the Brazilian National Program for Improving Access and Quality to Primary Care (PMAQ). This paper develops a contingent mixed-method approach to explore the perceptions of front-line health workers - managers, nurses, community health workers, and doctors - regarding the PMAQ (2nd round), and their evaluations concerning health unit organizational capacity. The research is guided by three relevant inter-related concepts from implementation theory: policy knowledge, participation, and organizational capacity. One hundred and twenty-seven health workers from 12 primary health care units in Goiânia, Goiás State, Brazil, answered semi-structured questionnaires, seeking to collect data on reasons for adherence, forms of participation, perceived impact (open-ended questions), and evaluation of organizational capacity (score between 0-10). Content analyses of qualitative data enabled us to categorize the variables “level of perceived impact of PMAQ” and “reasons for adhering to PMAQ”. The calculation and aggregation of the means for the scores given for organizational capacity enabled us to classify distinct levels of organizational capacity. We finally integrated both variables (Perceived-Impact and Organizational-Capacity) through cross-tabulation and the narrative. Results show that nurses are the main type of professional participating. The low organizational capacity and little policy knowledge affected workers participation in and their perceptions of the PMAQ.
Resumen: Pese a que es bien sabido que una implementación exitosa depende del conocimiento y participación de los trabajadores de salud de primera línea, así como la capacidad organizativa de las instituciones involucradas, todavía sabemos poco sobre cómo los trabajadores de salud en primera línea de atención han sido involucrados en la implementación del Programa Nacional de Mejora del Acceso y Calidad de la Atención Básica (PMAQ) brasileño. Este trabajo desarrolla un enfoque metodológico mixto aleatorio para investigar las percepciones de los trabajadores de primera línea de la salud -gestores, enfermeras, trabajadores comunitarios de cuidados de salud, y doctores- en relación con el PMAQ (segunda fase), y asociarlos con sus evaluaciones respecto a la capacidad organizativa de las unidades de salud. La investigación está guiada por tres conceptos relevantes interrelacionados, provenientes de la teoría de la implementación: política de conocimiento, participación, y capacidad organizativa. Ciento veintisiete trabajadores de salud, procedentes de 12 unidades de atención primaria de salud en Goiânia, respondieron a cuestionarios semiestructurados, buscando recoger datos sobre: adherencia, formas de participación, impacto percibido (preguntas de final abierto), y evaluación de la capacidad organizativa (notas entre 0-10). El contenido de los análisis cualitativos de datos nos permitió categorizar las variables “nivel del impacto percibido de PMAQ” y “razones de adherencia al PMAQ”. El cálculo y agregación de medios para los marcadores proporcionados, respecto a la capacidad organizativa, nos permitieron clasificar los distintos niveles de la misma. Integramos, finalmente, ambas variables (Impacto Percibido y Capacidad Organizativa) mediante tabulación cruzada y narrativa. Los resultados muestran que las enfermeras son la mayor parte de las profesionales que participan. La baja capacidad organizativa y el escaso conocimiento sobre las políticas que deben ser implementadas afectó a la participación y sus percepciones sobre el PMAQ.