A modalidade de derivação bílio-digestiva empregada no tratamento da colestase extra-hepática crônica pode influenciar na reparação das lesões hepáticas. Avaliou-se o desempenho das derivações bílio-duodenal e bílio-jejunal em Y de Roux com alça exclusa de diferentes comprimentos na reparação das lesões morfológicas e funcionais do fígado de ratos com fibrose biliar secundária. Foram utilizados ratos Wistar, com 15 dias de obstrução biliar, alocados em 5 grupos de 6 animais. O grupo OB caracterizou as alterações da fibrose biliar. Os animais remanescentes foram tratados mediante derivação com o duodeno (grupo DBD), e com o jejuno, em alça exclusa de 5cm (grupo DBJ5), 10cm (grupo DBJ10) e 15cm (grupo DBJ15), sendo reavaliados 3 meses depois. Outros 6 animais foram submetidos à intervenção simulada e considerados grupo controle (IS). Todos animais foram submetidos à avaliação morfométrica do fígado, análise bioquímica do sangue e microbiológica da bile, estudo da função mitocondrial hepática e verificação do peso úmido do fígado e do baço. Na análise estatística adotou-se o nível de significância de 5%. Houve aumento significativo do peso estimado, em g/Kg de peso corporal, dos ductos biliares, da fibrose e dos hepatócitos nos animais do grupo OB (medianas de 1,30; 10,03 e 37,0) em relação aos animais controles (IS) (medianas de 0,03; zero e 29,37). Após tratamento, ocorreu regressão significativa do peso estimado dos ductos biliares e da fibrose, com valores medianos de 0,22 e 0,22 para o grupo DBD, 0,45 e 3,31 para o grupo DBJ5 e 0,22 e 5,0 para o grupo DBJ15. Houve regressão significativa do peso estimado dos hepatócitos apenas nos grupos derivados com o jejuno, com valores medianos de 31,93; 24,46 e 28,52. Ocorreu aumento significativo do peso úmido do fígado e do baço no grupo OB (medianas em g/Kg de peso corporal de 49,85 e 5,71) em relação ao grupo IS (30,0 e 3,04). Houve regressão significativa do peso do fígado em todos os tratamentos e do peso do baço nos animais tratados com derivação bílio-jejunal, (valores medianos de 35,59 e 2,53 para DBJ5, 37,54 e 2,82 para DBJ10 e 32,73 e 2,93 para DBJ15). Após o tratamento, surgiram infiltrado inflamatório misto, nos espaços portais, refluxo enterobiliar e contaminação bacteriana da bile. Houve aumento significativo no consumo de oxigênio pela mitocôndrias hepáticas nos estados 3 e 4 no grupo OB (medianas de 101,55 e 31,05 nanoátomos de O2/mgprot./min), em relação ao grupo IS (medianas de 57,22 e 15,51). Após o tratamento, normalizou-se o consumo energético apenas nos animais do grupo DBJ15 (medianas de 52,38 e 14,8). O desempenho da derivação bíilio-jejunal indica a importância de avaliar alternativas que possam minimizar o contato do conteúdo entérico com a via biliar.
The type of bile-digestive shunt used for the treatment of cholestasis can be affect the process of repair of liver damage. We evaluated the performance of bile-duodenal and Roux-en-Y bile-jejunal shunts with excluded loop of different lengths in the process of liver repair in rats with secondary biliary fibrosis. Thirty Wistar rats, after 15 days of biliary obstruction (BO), were divided into 5 groups of 6 animals: the BO group, duodenal shunt group (BDS) and with jejunal shunt, with excluded loop of 5 cm (BJS5 group), 10 cm (BJS10 group) and 15 cm (BJS15 group), and reevaluated 3 months later. Six animals were submitted to sham surgery (SHAM group). All animals were submitted to qualitative and morphometric histological evaluations of the liver, to blood biochemical and to microbiological bile analysis, and to a study of hepatic mitochondrial function. Liver and spleen weights (g/kg body weight) were also determined. In the statistical analysis, the level of significance was set at 5%. The animals of the BO group showed a significant increase in median values of total bilirubins (9.6 mg/dl), alkaline phosphatase (AP) (296 U/ml) and aminotransferases (133 U/ml for ALT and 419 U/ml for AST) compared to the SHAM group.with normalization after all the shunt modalities used. A significant increase in liver and spleen weight occurred in the BO group (medians of 49.85 and 5.71, respectively) compared to the SHAM group (medians of 30.0 and 3.04 g/kg). There was a significant regression of liver weight in all the treatments, whereas spleen weight regressed only in the animals treated with a BJS (median values of 2.53 for BJS5, 2.82 for BJS10 and 2.93 for BJS15). There was a significant increase in estimated weight (g/kg body weight) of bile ducts, of fibrosis and of hepatocytes in animals of BO group (medians of 1.30; 10.03 and 37.0, respectively) compared to animals of SHAM group (medians of 0.03; zero and 29.37). There was a significant regression of estimated weight of bile ducts and of fibrosis, with respective median values of 0.22 and 0.22 in BDS group, of 0.45 and 3.31 in BJS5 group, and of 0.22 and 5.0 in BJS15 group. There was a significant regression of estimated hepatocyte weight only in BJS5, BJS10 and BJS15 groups, with median values of 31.93, 24.46 and 28.52 g/kg body weight. In all types of treatment a mixed inflammatory infiltrate occurred in the portal spaces, associated with enterobiliary reflux and with bacterial contamination of the bile. There was a significant increase in oxygen consumption by hepatic mitochondria in states 3 and 4 in BO group (respective medians of 101.55 and 31.05 nanoatoms O2/mg protein/min) compared to SHAM group (medians of 57.22 and 15.51). The O2 consumption normalized only in the animals of BJS15 group (medians of 52.38 and 14.8). The performance of the BJS indicates the importance of the evaluation of alternatives that might minimize the contact of enteric content with the biliary tree.