O objetivo deste artigo é analisar o papel desempenhado pela jocosidade em situações de crítica, que poderiam resultar em conflitos, mas que, por meio de dispositivos morais baseados no humor, mantêm a paz, sem prejuízo da própria crítica. O trabalho, baseado na observação etnográfica em ruas de um bairro periférico e do centro do Rio de Janeiro, enfatiza dois dispositivos: por um lado, a “zoação”, na qual a crítica é apresentada como se não fosse séria ou relevante, mas proporcionando ainda assim a colocação de algo em questão; e, de outro, a “marra”, na qual se recusa de forma competitiva a posição moral superior produzida pela crítica, atacando-se jocosamente o crítico com outra crítica, iniciando-se assim uma disputa. Em ambos os casos, a coordenação entre a forma-crítica ea forma-piada permitirão uma dupla mecânica de efetivação, sustentando um slack crítico, segundo o qual a percepção de negatividades morais permanece circulante, mas sem debates formais sobre princípios e ruptura da rotina.
The aim of this article is to analyze the role of jocosity during moments of critique which could otherwise result in conflict but which, through moral devices based on humor preserve peace, whilst effectuating critique. The investigation, based on ethnographic observations in the streets of a peripheral neighborhood and the central zone of Rio de Janeiro, emphasize two devices: “zoação”, in which the critique is presented as if it weren’t serious or relevant, but nevertheless still poses a challenge; and, on the other hand, the “marra” in which one competitively rebukes the superior moral position claimed by the critique, jokingly attacking the critic with another critique, thereby initiating a dispute. In both cases, the coordination between the critique-as-form and the joke-as-form create a double mechanism of effectiveness, sustaining a critical slack according to which the perception of moral negativity remains in circulation, but without formal debates about principles and breaks with routine.
El objetivo de este artículo es analizar el rol jugado por la jocosidad en situaciones de crítica, que podrían resultar en conflictos, pero que, a través de dispositivos morales basados en el humor, logran mantener la paz, sin prejuicio de la propia crítica. Este trabajo, basado en observación etnográfica en calles de un barrio periférico y del centro de Río de Janeiro, subraya dos dispositivos: por un lado, la “zoação”, donde la crítica es presentada como si no fuese seria o relevante, aunque ofreciendo la posibilidad de la discusión de algo; y, por otro, la “marra”, que supone un rechazo competitivo a la posición moral superior producida por la crítica, a la vez que un ataque chistoso al crítico con otra crítica, iniciándose, de este modo, una disputa. En los dos casos, la coordinación entre la forma-crítica y la forma-chiste permitirán una doble dinámica de efectuación, sosteniendo una fluctuación crítica, según la cual la percepción de negatividades persiste, aunque sin debates formales sobre principios y ruptura de la rutina.
L’objectif de cet article est d’analyser le rôle joué par la raillerie pour émettre des critiques passibles de provoquer des conflits, mais qui, par l’entremise de dispositifs moraux basés sur l’humour, préservent la paix sans pour autant infirmer la critique. Ce travail, basé sur une observation ethnographique dans les rues d’un quartier périphérique et du centre de Rio de Janeiro, se concentre sur deux dispositifs: d’un côté, la “ zoação ”, où la critique est présentée comme si elle n’était pas sérieuse ou pertinente, mais qui permet toutefois de remettre quelque chose en question; de l’autre, la “ marr a ”, qui permet de renier par la compétition la position morale supérieure que produit la critique et où l’on attaque plaisamment l’é...