RESUMO Recentemente, Roberts et al. (2023) definiram três thresholds socioeconômicos que teriam sido a base do Antropoceno no mundo: o primeiro, entre 4.000 e 1.000 AEC, relacionado ao início da agricultura; o segundo, entre 0 e 1.500 EC, relacionado ao urbanismo e à consolidação demográfica das populações humanas; e o terceiro, entre 1.500 EC e o presente, associado ao avanço do colonialismo e do capitalismo. Neste artigo, discutimos os resultados de estudos paleoecológicos realizados em quatro regiões da Amazônia conhecidas por apresentarem altas concentrações de sítios arqueológicos (os geoglifos do Acre, os campos elevados da Guiana Francesa, as terras pretas do Baixo Tapajós, e os sítios de zanja em Iténez, Bolívia), e avaliamos o que eles nos dizem sobre a natureza desses thresholds e como eles podem nos informar sobre o Antropoceno amazônico. Concluímos que os maiores e mais destrutivos impactos antropogênicos têm acontecido no período colonial, especialmente nos últimos 50 anos, associados à incursão de economias capitalistas nestes locais. Em contraponto, as práticas de manejo indígenas, que começam a ser visíveis a partir de cerca de 2.500 AEC, e se tornam altamente transformativas a partir de cerca de 0 EC, conseguiram manter serviços ecossistêmicos vitais e aumentar a agrobiodiversidade da sua vegetação, construindo - ao invés de destruindo - relações com os outros seres vivos. Recentemente al 2023 (2023 mundo primeiro 4000 4 000 4.00 1000 1 1.00 AEC agricultura segundo 1500 500 1.50 humanas terceiro presente capitalismo artigo Acre Francesa Tapajós Iténez Bolívia, Bolívia , Bolívia) amazônico colonial 5 anos locais contraponto indígenas 2500 2 2.50 vegetação vivos 202 (202 400 00 4.0 100 1.0 150 1.5 250 2.5 20 (20 40 4. 10 1. 15 25 2. (2 (
ABSTRACT Recently, Roberts et al. (2023) defined three socioeconomic thresholds thought to have laid the foundations for the Anthropocene: the first, between 4000 and 1000 BCE, related to the beginnings of agriculture; the second, between 0 and 1500 CE, related to urbanism and the demographic consolidation of human populations; and the third, between 1500 and the present CE, associated with the advance of colonialism and capitalism. In this article, we discuss the results of paleoecological studies carried out in four Amazonian regions known to have high concentrations of archaeological sites (the geoglyphs of Acre, the raised fields of French Guiana, the dark earths of the lower Tapajós region, and the zanja sites of Iténez, Bolivia), and evaluate what they tell us about the nature of the Amazonian Anthropocene. We conclude that the largest and most destructive anthropogenic impacts occurred during the colonial period, especially in the last 50 years, associated with the arrival of capitalist economies. In contrast, Indigenous management practices, which begin to be visible from ca. 2500 BCE, and become highly transformative from ca. 0 CE, managed to maintain vital ecosystem services and increase the agrobiodiversity of the rainforest, building upon - rather than destroying - their relationships with other living beings. Recently al 2023 (2023 Anthropocene first 400 100 BCE agriculture second 150 CE populations third capitalism article Acre Guiana region Iténez Bolivia, Bolivia , Bolivia) period 5 years economies contrast practices ca 250 rainforest beings 202 (202 40 10 15 25 20 (20 4 1 2 (2 (