Em uma revisão recente sobre o conceito de bem-estar em peixes, defendo que a preocupação sobre o bem-estar desses animais é definitivamente uma questão genuína, sendo nosso desafio a busca de métodos válidos para avaliação desse estado nesses animais. Nesse mesmo texto, defendo que devemos aumentar a ênfase nos estudos sobre a preferência dos animais, ao invés das tentativas frustradas de demonstrações empíricas do estado de senciência nos animais não-humanos. Partindo desse substrato teórico, no presente texto examino mais detalhadamente os testes de preferência, indicando condições e restrições importantes para que se minimize distorções que poderiam afetar interpretações sobre o estado de bem-estar dos peixes. Inicialmente, apresento condições dos peixes que devem ser consideradas para se interpretar os testes de preferência. São elas: filogenia, ritmos biológicos, condições ecológicas, ontogenia, condição social e experiência individual. Posteriormente, eu discuto condições e abordagens metodológicas para se executar e interpretar testes de preferência, numa tentativa de melhorar o entendimento sobre o que os peixes têm a nos dizer sobre seus estados internos de bem-estar.
In a recent review on the concept of fish welfare, I argue that concern on fish welfare is definitively a genuine matter, and the main challenge is to find valid methodologies to evaluate this internal state in these animals. I also argue in that review that studies on fish preference should be emphasized, instead of frustrated attempts to empirically demonstrate sentience in the non-human animals. From this theoretical background, in the present text I examine more detailed the preference tests, indicating important conditions and restrictions to minimize misunderstanding that could affect interpretation about the state of fish welfare. First, I indicate fish conditions that should be considered to analyze results of preference tests. They are: phylogeny, biological rhythms, ecological conditions, ontogeny, social condition, and individual experience. Then, I discuss methodological conditions and approaches to perform and interpret preference tests, an attempt to improve understanding on what the fish has to tell us about their internal states of welfare.